O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,4 ponto percentual (p.p.) em julho, representando 78,1% das famílias no País. Com a primeira queda desde novembro de 2022, o volume de endividados chegou ao menor nível desde janeiro deste ano. Do total de pessoas com dívidas, 18,2% consideram-se “muito endividadas”, percentual que também apontou queda, a primeira desde dezembro. Os resultados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O Programa Desenrola, medida do governo federal que iniciou em julho, propôs a renegociação de dívidas bancárias de pessoas com renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil. Isso fez com que a proporção de endividados na classe média diminuísse em julho.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, reforça a importância da Peic no cenário nacional. Isso porque a pesquisa foi utilizada pelo próprio governo federal na construção do programa. Segundo Tadros, “com o início da trajetória de queda da taxa de juros, é esperado um movimento de melhora das condições de compra do brasileiro, o que é positivo para a economia como um todo”.
Um alento para a classe média
Nas faixas de renda de 3 a 10 salários mínimos (SM), o volume de consumidores com dívidas caiu 0,7 p.p. em comparação a junho. Conforme a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira, essa redução interrompe a tendência de alta do endividamento desses consumidores, que vinha sendo observada até o fim do semestre passado. No primeiro grupo, das pessoas com renda entre 3 e 5 SM, o volume de endividados caiu ao menor nível desde junho de 2022. Já entre os com rendimentos de 5 a 10 SM, a proporção de endividados é a menor desde janeiro deste ano.
O percentual de inadimplentes também diminuiu entre os consumidores com renda entre 5 e 10 SM, com uma queda de 1,7% no volume dos que estão com contas atrasadas e uma queda de 0,4% nos que afirmam não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores.
“A CNC estima que a proporção de consumidores endividados amplie o ritmo de queda nos próximos meses”, explica Izis Ferreira. Conforme ela, a taxa deve ficar próxima a 77% do total de consumidores no País, em setembro, quando o Desenrola acontecerá para o público priorizado na faixa 1 (com renda de até 2 salários mínimos). “No entanto, a previsão é que o índice volte a crescer no fim do ano, encerrando 2023 com cerca de 78% do total de famílias com dívidas”, afirma.
Endividamento aumenta entre os mais pobres
Ainda sem Desenrola para os consumidores de renda baixa (que recebem até 3 salários mínimos), a proporção de endividados começa o segundo semestre em ligeira alta, de 0,1%, estabelecendo-se em 79,4% desse grupo. O volume de inadimplentes subiu 0,3% e atingiu 37,3%, e o daqueles que afirmaram não ter condições de pagar dívidas atrasadas há mais tempo teve aumento de 0,2%, chegando a 16,6%.
Os consumidores com até 2 salários mínimos com CPF negativado por conta de dívidas de até R$ 5 mil são o público priorizado pelo Desenrola, mas a operação do programa para esse grupo começa somente em setembro.
Queda das dívidas no cartão de crédito
A Peic revela que, em julho, caiu para 85,9% a quantidade de endividados no cartão de crédito, ante os 87% de junho. Essa é a primeira queda em seis meses, colocando o indicador no menor nível desde fevereiro. Foi também a mais expressiva entre as modalidades de dívida. Também é possível observar uma leve redução, de 0,1%, do volume de endividados no cheque especial (que ficou em 4,1%) e no crédito consignado (5,1%).
O volume de endividados e endividadas no cartão de crédito caiu em julho, e a queda foi mais expressiva entre as mulheres (-1,2p.p.), embora elas estejam em maior número com dívidas no cartão (86,8%) do que os homens (84,1%).
Endividamento cai em metade dos Estados do País
O movimento de renegociação fez a proporção de endividados cair entre junho e julho em 13 das 27 Unidades da Federação. As maiores reduções foram no Distrito Federal (queda de 2,6 p.p.), em São Paulo (2,0 p.p.), no Tocantins (1,8 p.p.), Amapá (1,6 p.p.) e Bahia (1,2 p.p.).
Em outros 13 estados, o volume de pessoas com dívidas aumentou, com destaque para Sergipe (3,6 p.p.), Piauí (2,7 p.p.) e Ceará (2,7 p.p.). Apenas no Espírito Santo, o número de consumidores com dívidas permaneceu estável na comparação mensal.
https://www.portaldocomercio.org.br/noticias/
O corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, aprovado na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, deve ser repassado na mesma proporção aos financiamentos com juros livres do crédito rural de curto prazo, que podem ficar mais baratos, disseram executivos do Santander e Bradesco. No caso das operações de investimentos, com vencimento superior a um ano, não deve haver alteração no momento, já que a projeção do mercado é de alta em um período mais longo.
O diretor de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, disse que os juros livres pré-fixados para operações com vencimento de um ano, como as de custeio, estão em torno de 14% ao ano. Essas alíquotas poderão ser reduzidas em 0,5 ponto percentual. A curva de juros projetada pelo mercado para agosto de 2024 caiu de 11% para 10,5%, novo alvo para quem aposta nas taxas pós-fixadas, que também são opção para o produtor rural.
“Para quem toma financiamentos pré-fixados, melhorou o preço. No pós-fixado, dificilmente vai haver um corte mais rápido do que o projetado, mas ele toma esse risco de a taxa chegar ou não a 10,5% no ano que vem”, disse. “Há mudança no humor do mercado e dos produtores com o corte na Selic, porque acham que vai ficar mais barato. O repasse para as operações é praticamente imediato, o mercado se ajusta na hora”, acrescentou.
Ele afirmou que o corte de 0,5 ponto percentual surpreendeu o mercado, que esperava redução de 0,25 ponto percentual, acelerando a precificação na curva de juros de curto prazo. O movimento do BC, no entanto, deixa o cenário de longo prazo mais incerto.
“Para as operações de investimentos rurais não muda nada, porque a curva de juros volta a precificar mais alto”, apontou. O comportamento do mercado monitora possíveis “surpresas no caminho” na política monetária, como repique de inflação.
O Banco do Brasil, que lidera as operações para o agronegócio, disse que a dinâmica negocial das operações com juros livres incorpora reflexos da taxa básica de juros na composição do seu custo. “Assim, o ajuste ocorrido [na taxa Selic] tem influência, sim, nos seus preços e provocará uma redução no juro pago pelo mutuário”, informou em resposta à reportagem. A instituição destacou que o ajuste depende da taxa pactuada com cada cliente, considerando o perfil do tomador.
Roberto França, diretor de Agronegócios do Bradesco, que lidera os desembolsos de crédito rural entre os bancos privados, disse que a queda da Selic já estava precificada nas operações mais recentes. “A expectativa de queda já fez com que colocássemos um precificação mais eficiente, mas a redução em si traz benefícios. As próximas operações já terão o benefício da Selic mais baixa”, afirmou.
Segundo ele, as operações de curto prazo com juros livres já estão abaixo de 14% ao ano no banco, e a previsão de momento é chegar próximo de 12,5% em 12 meses, perto do que é oferecido a juros controlados do Plano Safra. “Os bancos já começam a pensar e a fazer operações com recursos livres no patamar do recurso obrigatório para grandes produtores, na faixa de 12% ao ano”, disse.
A redução da Selic, por outro lado, não interfere nas operações com juros controlados, com subvenção ou não. Nesses casos, as alíquotas já estão definidas e seguirão em vigor até junho de 2024. Já o custo do Tesouro Nacional para pagar a equalização pode cair e fazer o orçamento da subvenção render mais, se a taxa média projetada para o Plano Safra tiver sido maior que a vigente. Se isso ocorrer, pode haver mais espaço orçamentário para subvencionar mais operações e alcançar mais produtores. Consultado, o órgão não respondeu até a conclusão deste texto.
Uma fonte que atuou na elaboração dos últimos Planos Safras disse que a queda nos juros da economia pode diminuir o gasto da União para equalizar as operações cujos recursos são captados com fontes atreladas à Taxa Média Selic anualizada (TMS) ou ao CDI. Segundo ela, o movimento pode gerar impacto também na Taxa Referencial (TR), componente de custo de captação da Poupança Rural, por exemplo, principal fonte equalizada, e até na Taxa de Longo Prazo (TLP), usada pelo BNDES. Já outro especialista disse que o Tesouro usou a projeção do Boletim Focus para a projeção da Selic ao longo do ano-safra, o que, na prática, não mudará seus gastos.
O principal efeito, reforçou a primeira fonte, é nos juros livres, que representam fatia expressiva do Plano Safra 2023/24, com R$ 177,8 bilhões. Ao todo, foram ofertados R$ 435,8 bilhões para pequenos, médios e grandes produtores. “A redução da Selic no curto e médio prazo permite melhores condições para os bancos oferecerem recursos com taxas livres em níveis mais próximos de 12%, que é a taxa estabelecida nos recursos controlados a grandes produtores”, disse.
https://globorural.globo.com/negocios/noticia/2023/08/bancos-ja-reduzem-juros-livres-do-credito-rural-apos-queda-da-selic.ghtml
A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) mostra que o Banco Central (BC) poderia ter iniciado o ciclo de quedas da Selic com um corte de 0,75 ponto percentual, na avaliação de técnicos do Ministério da Fazenda. Por isso, uma fonte da pasta defende que “não podemos descartar uma aceleração de cortes ainda neste ano”. Na semana passada, o colegiado cortou a Selic em 0,5 ponto, de 13,75% para 13,25%, sempre em termos anuais.
De acordo com a fonte, os elementos que justificariam o corte de 0,75 ponto percentual, mencionados pelo Copom na ata, “já estavam no cenário em pelo menos duas reuniões anteriores” do colegiado.
Na ata, o Copom revela que “julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes [além de 0,5 ponto], já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”.
Fonte: Valor Invest
Após duas quedas mensais, o volume de vendas no varejo restrito ficou estável em junho, ante maio, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9).
Em maio, frente a abril, o comércio restrito tinha caído 0,7% (dado revisado após divulgação de recuo de 1%). Em abril, o recuo tinha sido de 0,1%.
A alta de 1,3% ante junho de 2022 foi maior que a esperada. A expectativa mediana do Valor Data era de aumento de 0,8%, com intervalo entre queda de 0,4% e crescimento de 2,1%.
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, o volume de vendas subiu 1,2% na passagem entre maio e junho, já descontados os efeitos sazonais.
Os analistas de 25 bancos e consultorias esperavam queda de 0,2%, segundo a mediana. O intervalo das projeções ia de recuo de 1% a alta de 2,2% em junho.
Em maio, frente a abril, o comércio ampliado tinha caído 0,5% (após divulgação inicial de -1,1%).
Na comparação com junho de 2022, o volume de vendas do varejo ampliado subiu 8,3%. A expectativa mediana, pelo Valor Data, era de alta de 5,4%. As projeções variavam entre alta de 3,2% e 6,6%.
Com as medidas do governo de incentivo à compra de carro popular, as vendas de veículos cresceram 8,5% em junho, ante maio. Foi o maior crescimento desde fevereiro de 2021 (10,3%). O desempenho no mês permitiu que o patamar de vendas superasse o patamar pré-pandemia pela primeira vez em mais de três anos.
As vendas de veículos, motocicletas, partes e peças estavam, em junho, 4,3% acima do nível de fevereiro de 2020, marco do pré-pandemia. Até então o nível mais próximo tinha sido o de março de 2023, quando ficou 0,9% abaixo daquele marco de 2020.
Na comparação anual, com junho de 2022, as vendas do segmento tiveram alta de 17,9%. Foi a variação mais intensa desde julho de 2021 (18%).
“Essa política de redução de preços de veículos fez com que tivesse um crescimento mais forte. [...] O programa de redução de impostos para veículos teve efeito em junho.
Esse 8,5% é um dado que é bastante grande. E isso faz com que o varejo ampliado tenha esse drift positivo na passagem de maio para junho”, afirmou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
O programa do governo com incentivos tributários para reduzir o preço dos carros populares passou a valer no dia 6 de junho, com a publicação da medida no Diário Oficial.
A disparada das vendas de veículos ajudou a impulsionar o resultado do varejo ampliado, que inclui todas as atividades do segmento, incluindo material de construção e veículos.
https://valorinveste.globo.com/mercados
A indústria de fundos de investimento registrou captação líquida positiva de R$ 14,7 bilhões no mês de julho, a primeira no azul desde outubro de 2022, segundo dos dados divulgados hoje pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Mesmo com este resultado positivo gerado em julho, o segmento dos fundos de investimento ainda acumula uma perda de R$ 124,9 bilhões no acumulado deste ano de 2023.
Segundo documento da entidade, o maior destaque no período foram os fundos de renda fixa, que captaram R$ 12,6 bilhões. No acumulado do ano de 2023 e nos últimos 12 meses, no entanto, esta classe acumula perdas de R$ 63,4 bilhões e R$ 195,6 bilhões, respectivamente.
Entre os 16 tipos de fundos, sete registraram captação positiva e nove tipos apresentaram saída líquida. As maiores captações foram do tipo Duração Baixa Soberano, com R$ 11,6 bilhões, e Duração Livre Soberano, com R$ 8,0 bilhões.
“Vale destacar o bom desempenho dos fundos estruturados que captaram R$ 6,1 bilhões – FIDCs (R$ 4,7 bilhões) e FII (R$ 1,4 bilhão)”, diz o documento da Anbima.
Entre os tipos selecionados, o FIDC Agro, Indústria e Comércio teve a maior captação do período com R$ 3,3 bilhões.
O segmento Previdência também registrou entrada líquida no valor de R$ 4,5 bilhões, com destaque para o tipo fundos dee Renda Fixa Duração Baixa Soberano com captação de R$ 9,5 bilhões.
Entre os fundos multimercados, houve resgate líquido de R$ 8,9 bilhões em julho.
A maior saída ocorreu no tipo Multimercados Juros e Moedas, com R$ 3,5 bilhões, seguidos do Multimercados Investimento no Exterior, com R$ 3,1 bilhões.
O Multimercados Livre registrou perda de R$ 0,52 bilhões. A captação líquida acumulada da classe ficou negativa em R$ 61,1 bilhões e R$ 73,8 bilhões no ano e em 12 meses, respectivamente.
Na classe ações, houve perda de R$ 260 milhões em julho. O tipo de maior representatividade, Ações Livre, registrou saída líquida de recursos da ordem de R$ 0,64 bilhões no período.
No ano, houve resgate de R$ 38,1 bilhões e em 12 meses, a captação desses fundos foi negativa na ordem de R$ 16,4 bilhões.
Em relação à rentabilidade, os tipos mais representativos de fundos vêm apresentando ganhos reais expressivos em 2023.
O grande destaque foram os fundos de Ações Setoriais que renderam 7,90% em julho e acumulam 21,90% no ano.
Na renda fixa, o tipo Duração Baixa Grau de Investimento, de maior PL da classe, variou 1,12% em julho e 7,16% em 2023.
Nos fundos multimercados, o tipo Livre rendeu 1,18% e 6,64% no mês e no ano, respectivamente.
Fonte: https://www.suno.com.br/noticias/fundos-investimentos-captam-14-bilhoes-julho-2023-anbima/
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 19, que vai enviar ao Congresso projeto de lei para tributar os fundos de investimento exclusivos. A proposta estará em um pacote de medidas econômicas que será remetido ao Legislativo em agosto, junto com o Orçamento de 2024.
O anúncio da taxação dos fundos de investimento ocorreu um dia depois de o governo conseguir acordo com a Câmara para começar a tributar apostas esportivas online, como mostrou o Estadão. As iniciativas têm o objetivo de incrementar as receitas e cumprir dispositivo da nova regra fiscal que prevê déficit zero nas contas públicas já no próximo ano.
Os fundos exclusivos de investimento alvos do governo são os que possuem poucos cotistas super-ricos e valores muito altos. Quem mantém dinheiro nesse tipo de fundo de investimento só recolhe Imposto de Renda (IR) quando faz o resgate do dinheiro.
A tentativa de aplicar um novo imposto sobre os recursos alocados nesses tipos de fundos de investimento não é inédita. Em 2017, o ex-presidente Michel Temer (MDB) editou medida provisória com o mesmo objetivo. Na ocasião, o governo divulgou que iria aumentar a arrecadação em R$ 10,7 bilhões. No entanto, a proposta enfrentou resistência do Congresso e não prosperou.
Há hoje por volta de 2.760 fundos exclusivos de investimento com apenas um cotista no mercado brasileiro, segundo dados da plataforma de investimentos TradeMap, obtidos pelo E-Investidor – site com orientações sobre investimentos do Estadão.
“Acabei de vir da casa do presidente (da Câmara dos Deputados, Arthur) Lira para definir a pauta do segundo semestre. Temos um conjunto de medidas que vão com o Orçamento e que não passam pelo Imposto de Renda de pessoa física“, disse Haddad.
Não há informação de quanto o governo pretende arrecadar com a taxação dos fundos.
O ministro disse que também conversou com Lira sobre a cobrança das apostas esportivas online. O governo criou, por meio de medida provisória (MP), publicada na quarta-feira no Diário Oficial da União, 217 cargos para a nova Secretaria de Apostas e Loterias, ligada ao Ministério da Fazenda, que vai cuidar do gerenciamento desses recursos. Uma nova MP, que será enviada nos próximos dias, vai tratar das regras de taxação, que começará imediatamente após a publicação da medida. Por fim, o governo deve enviar um projeto de lei, que vai tramitar com a MP.
Segundo apurou o Estadão, pelo texto da medida provisória que criará a taxação uma empresa de apostas esportivas online só poderá atuar no Brasil se for credenciada pelo governo federal. Para isso, terá de pagar outorga à União de R$ 30 milhões, ter sede no Brasil e capital mínimo de R$ 100 mil.
A taxação das empresas funcionará da seguinte maneira: serão recolhidos 16% sobre o chamado GGR (gross gaming revenue, na sigla em inglês), que é a receita obtida com os jogos, subtraídos os prêmios pagos. Já os jogadores pagarão uma alíquota de 30% de Imposto de Renda sobre o prêmio, mas com isenção para valores até R$ 2.112.
A arrecadação será dividida entre a seguridade social (10%), o Fundo Nacional de Segurança Pública (2,55%), os clubes (1,63%), o Ministério do Esporte (1%) e a educação fundamental (0,82%). O governo pretende arrecadar pelo menos R$ 12 bilhões com a taxa sobre as apostas esportivas online.
Além da taxação de fundos de investimento, Haddad disse ainda ter expectativa para a votação, na Câmara, em agosto do marco de garantias – o texto foi aprovado no Senado com modificações e, por isso, voltou à Câmara. A proposta, que regulamenta as garantias de empréstimo, é uma das apostas da equipe econômica para impulsionar o crédito no País.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Com Estadão Conteúdo
A aprovação da Reforma Tributária na Câmara, o recuo do dólar, a melhora na confiança na economia e agora, mais recentemente, a notícia de uma deflação em junho. Todos esses elementos combinados corroboram a tese de que o início do ciclo de corte de juros está chegando.
Uma vez que a inflação esteja sob controle, o movimento seguinte, por suposto, é de que o Banco Central comece a reduzir a Selic, que agora está a 13,75% ao ano. No mercado, bancos e casas de análises já revisaram suas previsões e agora há quem veja a taxa básica de juros a 9,5% até o fim de 2023.
Como sempre, no mercado de capitais, ganha mais quem se antecipa e acerta nas apostas. Ao ver que os juros podem cair, os investidores voltam os olhares para ações que tendem a ser mais sensíveis a esse ciclo de cortes e que, claro, ganham em um momento de redução de taxas. Os índices de Small Caps já começam a reagir a esse movimento.
Empresas que estiveram com as margens pressionadas e sofreram desvalorização do mercado passam a ser vistas como oportunidades. No centro delas está o varejo, setor que teve perdas durante o ciclo de alta de juros. Além de ter os balanços prejudicados pelo alto custo de suas dívidas, as varejistas também enfrentaram um momento de alto endividamento das famílias e taxas de crédito que freavam o consumo.
Com a reversão do ciclo, em direção à queda, o cenário muda a favor dessas empresas. Ou pelo menos, é isso que se espera. Mas será que já é hora de deslocar capital para esses papéis? E quais seriam os mais indicados?
Entre os analistas ouvidos pelo Valor Investe, a recomendação é de cautela. A preferência é por papéis de varejistas voltadas para o público A, B, que costuma sentir menos o impacto da crise econômica e alta de juros. Vivara e Arezzo estão na lista de indicações para compras.
"O setor é muito sensível aos juros, e as empresas, em geral, se beneficiam da queda da Selic através da redução das despesas financeiras e a flexibilização do crédito para consumo das famílias. Neste momento, vemos que há oportunidades para o investidor capturar a possível queda de juros tendo uma parte do portfólio alocado nas empresas do varejo", diz Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos.
Para Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, já é, sim, tempo de apostar no varejo, mas não qualquer ação. "Na virada de ciclo, Órama tem preferência por empresas com posicionamento mais premium, com nichos mais estáveis, com margem maior ou com endividamento menor. Não sejam as mais baratas da bolsa, que operem múltiplos razoáveis, mas sejam as primeiras beneficiadas no ciclo de queda. Estamos olhando bem de perto Arezzo e Vivara, esta última entrou para a carteira mensal de julho", afirma.
Não houve uma mudança significativa na escolha de alocação em comparação ao fim do ano passado, quando não havia previsão de cortes de juros e o novo governo ainda era uma incógnita. A preferência ainda é por papéis ligados à alta renda, como a Vivara, que teve alta de 33% no acumulado de 2023.
Em meio às discussões do governo sobre um possível fim dos juros sobre capital próprio (JCP) na reforma dos tributos sobre a renda, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse que a medida, sem contrapartida, aumentaria o custo do crédito e os juros ao consumidor.
“A hipótese de simplesmente retirar o JCP ou instituir a tributação sobre os dividendos distribuídos aos acionistas, sem nenhuma outra medida em contrapartida, se traduziria em significativa elevação da carga tributária sobre as empresas e seus acionistas em todos os setores da economia”, afirmou a entidade em nota.
“No caso do setor bancário, maior tributação implica em elevação do custo do crédito e taxas de juros mais altas para os tomadores de crédito, famílias e empresas”, disse a Febraban. “Crédito mais caro significa menos consumo e investimento, menos crescimento econômico, menos renda e mais desemprego.”
Os bancos costumam distribuir JCP aos acionistas, o que permite reduzir a alíquota efetiva de imposto que pagam. Ao contrário dos dividendos, o JCP é um mecanismo que permite o abatimento dos valores pagos do imposto de renda devido, e costuma ter ampla utilização no setor financeiro.
Segundo a Febraban, o fim do JCP deveria ser antecedido de um amplo debate sobre a tributação das empresas brasileiras, que hoje é elevada e ainda maior para os bancos, de acordo com a entidade. “Outros países optaram por tributar os dividendos e não ter o JCP, mas, em contrapartida, a tributação sobre as empresas é muito mais baixa do que no Brasil.”
Por Estadão Conteúdo
Com a decisão do Fomc (às 15h) no radar, Bolsas operam com viés de baixa, apesar de resultados positivos na Europa e inflação calma na Ásia, com a decepção com Microsoft se somando ao clima baixista. Juros caem levemente, beneficiados pela aversão a risco. Dólar opera misto, caindo ante moedas pares, mas subindo contra moedas emergentes. Nas commodities, correção em grãos e petróleo, enquanto metálicas continuam em alta. Por aqui, agenda com dados secundários, com conta corrente como destaque. O clima de cautela deve levar à abertura baixista para o Ibovespa e de alta para o dólar. Nos juros, a proximidade de importantes suportes deve levar à abertura mais lateral, apesar do viés de baixa, após IPCA-15 benigno ontem.
Na Ásia, dia negativo para as Bolsas, em meio à cautela com a decisão do Fomc. Na Austrália, o CPI avançou 0,8% no segundo trimestre, somando 6,0% (ante expectativa de 6,2% a/a) em 12 meses. Na Coreia, a confiança do consumidor subiu de 100,7 para 103,2 pontos (ante expectativa de 99,2) em julho. Na China, o governo substituiu a Presidência do PBoC (o BC do país), de Yi Gang por Pan Gongsheng, e do Ministério das Relações Exteriores, de Qin Gang para Wang Yi. No Japão, o PPI ficou estável em maio, acumulando 1,2% (ante expectativa de 1,4% a/a) em 12 meses, mínima desde março de 2022. Hoje, lucro das indústrias na China (junho) às 22h30.
Na Europa, apesar de resultados positivos (Deutsche Bank, Rolls & Royce, Stellantis e Unicredit), Bolsas caem, sentindo o clima de cautela global. Na França, a confiança do consumidor seguiu em 85 pontos (ante expectativa de 86) em julho. Airbus (França), British Tobacco (Reino Unido), Enel (Itália), GSK (Reino Unido) e Santander (Espanha) divulgam resultados.
Nos EUA, em meio a resultados mistos ontem, com Google subindo 6% no after market, enquanto Microsoft decepcionou, futuros operam próximos da estabilidade. Segundo a Case-Shiller, o preço de imóveis subiu 1,0% em maio, acumulando -1,7% (ante expectativa de -2,4% a/a) em 12 meses. A confiança do consumidor da Conference Board subiu de 110,1 para 117,0 (ante expectativa de 112,0) em julho, máxima desde agosto de 2021. O FMI elevou a projeção de crescimento do PIB global de 2,8% para 3,0% em 2023 e seguiu com 3,0% em 2024. Hoje, venda de novos imóveis (junho) às 11h, estoques de petróleo do DoE (do último dia 21) às 11h30, decisão do Fomc às 15h, com coletiva de imprensa às 15h30. AT&T, Boeing, Coca-Cola, Thermo Fisher e Union Pacific divulgam resultados antes da abertura. ServiceNow e Meta, após fechamento.
No Brasil, com as Bolsas em Nova Iorque fechando em alta, com os investidores se antecipando aos resultados das big techs, o IPCA-15 positivo e a alta das commodities impulsionaram a Bolsa, com o Ibovespa fechando em 122.045 pontos (1,81%), máxima desde agosto de 2021, com ações de commodities liderando os ganhos. A abertura benigna do IPCA-15, consolidando a aposta de 0,50% no corte em agosto de 2023, levaram a descolamento da curva de DI futuro dos juros no exterior, com a ponta curta caindo quatro pontos, em média. No câmbio, apesar da alta das commodities, a piora na percepção do carrego doméstico pesaram sob o real, com o dólar fechando em R$ 4,75 (0,36%).
Apesar da desaceleração em tributos relacionados à renda (IR e CSLL), arrecadação veio acima do esperado (ante expectativa de R$ 179,5 bi), atingindo R$ 180,5 bi (-3,4% a/a real) em junho, com o acumulado em 12 meses atingindo R$ 2,27 tri (22,1% do PIB). A confiança do consumidor da FGV subiu de 92,3 para 94,8 pontos (19,2% a/a) em julho, máxima desde fevereiro de 2019. Com 4 de 9 categorias em deflação, o IPCA-15 caiu de 0,04% para -0,07% (ante expectativa de -0,03%) em julho, menor variação do mês em 6 anos, com a taxa em 12 meses caindo para 3,19%, mínima desde outubro de 2020. O governo publicou a MP que regulamento as apostas esportivas, taxando em 18% a receita bruta dos jogos subtraídos os prêmios pagos aos apostadores, com arrecadação esperada de R$ 6 a R$ 12 bi. Na agenda, INCC e sondagem da construção (ambos de julho) às 8h, nota do setor externo (de junho) às 8h30 e fluxo cambial (do último dia 21) às 14h30. Santander divulga resultado antes da abertura. Assai, EDP e Pão de Açúcar, após fechamento.
Nicolas Borsoi
Economista-chefe da Nova Futura Investimentos
https://monitormercantil.com.br/bolsas-em-nova-iorque-fechando-em-alta/
A deflação no IPCA-15 em julho fez com que o mercado financeiro reduzisse as previsões de inflação. O Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) revisou a projeção para 5%, bem abaixo dos 6% anteriores.
Para Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, apesar de o IPCA começar a subir no segundo semestre, a previsão é de uma inflação de 5% no ano.
O Boletim Focus, que traz uma média do que espera o mercado financeiro brasileiro, reduziu a previsão de inflação para este ano de 4,95% para 4,9% em 2023 e de 3,92% para 3,9% em 2024, anunciou o Banco Central.
Após nove meses no campo positivo, a prévia da inflação foi de -0,07% em julho. Houve queda de 0,11 ponto percentual em relação à taxa do mês anterior (0,04%).
O principal impacto negativo para esse resultado veio da retração nos preços da energia elétrica residencial (-3,45%), após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado hoje pelo IBGE. No ano, há alta acumulada de 3,09% e, em 12 meses, de 3,19%.
Além da energia elétrica residencial (-3,45%), a queda nos preços do botijão de gás (-2,10%) também influenciou a retração do grupo habitação (-0,94%), um dos que mais impactaram o índice geral. Já a taxa de água de esgoto (0,20%) está entre os itens que subiram. A alta foi consequência dos reajustes realizados em três áreas: de 8,33% em Belém (3,18%), a partir de 28 de maio; de 3,45% em uma das concessionárias em Porto Alegre (0,77%), a partir de 1º de julho; e de 8,20% em Curitiba (0,25%), a partir de 17 de maio.
Entre os grupos analisados pela pesquisa, a outra maior influência sobre o índice geral veio de Alimentação e bebidas (-0,40%), cujo resultado é relacionado à deflação de alimentação no domicílio (-0,72%). Entre os alimentos com preços em queda, destacam-se o feijão mulatinho (-10,20%), o óleo de soja (-6,14%), o leite longa vida (-2,50%) e as carnes (-2,42%). Por outro lado, a batata inglesa (10,25%) e o alho (3,74%) ficaram mais caros neste mês.
Com a alta mais intensa do lanche (0,34% em junho para 1,02% em julho), a alimentação fora do domicílio (0,46%) acelerou em relação ao mês anterior (0,29%). Já a refeição (0,17%) desacelerou na mesma comparação (0,28%).
Segundo Andréa Angelo, da Warren Rena, “a leitura de hoje chamou atenção para o bom desempenho da inflação de serviços e, com núcleos arrefecendo nas medidas de média móvel de três meses dessazonalizada e anualizada. A medida de serviços subjacentes na métrica dessazonalizada de média móvel 3 meses desacelerou para 5,7%. A difusão de serviços reverteu a tendência lateral e caiu para 46%. Além disso, a nossa métrica de serviços inerciais seguiu desinflando.”
De acordo com ela, “a avaliação de que a abertura qualitativa em serviços foi melhor que o esperado confirma a nossa expectativa de que a desinflação dos núcleos e serviços continua, e deve encerrar o ano em cerca de 5,0% com intensificação a partir de agosto. O número de hoje volta com o otimismo de que a velocidade de arrefecimento está em linha com a projetada, embora com muita volatilidade entre as divulgações”.
“A desaceleração na leitura mensal de 0,04% para -0,07%”, prossegue Andréa Angelo, “ocorreu em razão do desconto especial, conhecido como tarifa ‘Bônus Itaipu’, aplicado na conta de energia dos consumidores no mês de julho. Somente o item energia elétrica contribui com -19 bps neste mês. Na abertura do grupo habitação, outro destaque baixista no mês veio dos itens aluguel e condomínio (somados contribuiu com -6bps na desaceleração entre junho e julho). No mesmo sentido, o grupo vestuário, arrefeceu para variação de 0,04% de alta de 0,79%. Por outro lado, a pressão altista decorreu de gasolina que teve alta de 3%, após deflação de -3,4% em junho, reagindo a volta dos impostos federais.”
Andréa avalia que o impacto do desconto da MP de automóveis veio aquém do esperado em autos novos, queda de 2,34% (ante -3,20%), contrabalançado pela alta de 4,7% menor que esperada em passagem aérea. Sobre o desconto de automóveis novos, entendemos que a deflação do item será menor assim como a reversão do seu desconto, o que deixa nulo seu impacto entre julho e agosto.
Já de acordo com a última edição da Pesquisa Pulso, realizada em abril pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento dos custos das empresas era a principal preocupação dos donos de pequenos negócios.
“A queda da inflação e principalmente a sua estabilização em níveis baixos por tempo prolongado tem impacto positivo sobre os pequenos negócios uma vez que tende a reduzir os custos, sobretudo de energia, ampliando consequentemente as margens de lucro dos negócios”, comenta. Ainda de acordo com o presidente do Sebrae, um ambiente com inflação mais baixa terá reflexos diretos sobre o nível da taxa de juros, uma vez que a taxa Selic é utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação e deter o seu aumento.
“Uma inflação mais baixa abre espaço para a queda da taxa Selic e consequentemente de todas as taxas de juros de crédito na economia, o que por sua vez pode contribuir para um fluxo maior de crédito para os pequenos negócios”, avalia Décio Lima. Ele acredita que o mais importante não é o nível atual da inflação e sim a sua trajetória de queda e estabilização no futuro.
“Essa é mais uma boa notícia que, combinada a outros esforços do governo federal, como o programa de renegociação de dívidas (o Desenrola), a discussão sobre a reforma tributária, entre outras, deve contribuir para um ambiente de negócios mais propício e favorável ao crescimento e desenvolvimento econômico do país, com uma atuação de destaque dos pequenos negócios”, comenta.
Com informações da Agência IBGE Notícias