As factorings permitem aos empreendedores acessarem dinheiro rápido para administrar o negócio com mais estabilidade
Quase 60% dos pequenos negócios dizem que vão precisar de recurso extra para sobreviverem à crise do novo coronavírus, que fechou a maior parte do setor econômico, segundo o Sebrae.
O Pronampe, com o objetivo de ampliar a oferta de crédito para às micro e pequenas empresas ainda não se apresenta como uma solução rápida e segura. Apesar de ser uma taxa de juros baixa, muitos empresários, além de terem dificuldade para obterem esse crédito junto aos bancos, avaliam se devem ou não tomarem esse crédito, já que deverão pagar logo mais à frente, ainda sem terem um panorama seguro de como andará a economia.
A dificuldade de obter esse crédito junto aos bancos, deve-se justamente pela inexperiência desses canais em lidarem com a MPEs, considerando a enorme burocracia exigida pelos bancos na hora de contratar um empréstimo.
De acordo com Luiz Lemos Leite, presidente da Associação Nacional de Fomento Comercial – ANFAC, essas dificuldades abriram espaço para que esse segmento da economia fosse atendido pelas factorings, representadas pela ANFAC e pelas Empresas Simples de Crédito, lei aprovada em 2019, e já com grande participação junto a essas empresas.
“O Pronampe está usando exatamente o canal tradicional, com a participação de bancos que até então não davam a devida atenção para as empresas MPE. E, mesmo que a oferta de crédito pelo setor bancário aumente, será difícil se adequarem a essas empresas, que precisam de uma maior flexibilidade. Nesse caso, as factoring se ajustam com facilidade as MPEs, conhecendo a administração desses negócios e adequando suas ofertas com maior flexibilidade”, explica Lemos Leite.
PRONAMPE
As empresas devem avaliar essa linha em caso de real necessidade, lembrando que esse é um compromisso que exige planejamento, pois impactará no caixa do negócio no futuro.
Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica e braço direito de Paulo Guedes, afirmou que, caso o programa de crédito para micro e pequenas empresas não funcione, "com certeza absoluta" outro programa terá que vir no lugar dada a urgência em atender esse público.
"Realmente boa parte delas (micro e pequenas empresas) está sendo obrigada a passar dois, três meses fechada. Se nós não enviarmos crédito agora, na hora que chegar o momento da retomada o que vai acontecer? Não tem nem empresa nem emprego", concluí Sachsida.
Luiz Lemos Leite - Formado em Direito pela Universidade Federal Fluminense, em 1955. Foi funcionário do Banco do Brasil entre 1951 e 1967. Entre 1964 e 1967, trabalhou na Presidência da República como requisitado ao Banco do Brasil. Em 1967, foi para o Banco Central, onde permaneceu até 1981, tendo ocupado o cargo de Diretor da Área de Mercado de Capitais entre 1979 e 1981. Em 1982, já na iniciativa privada fundou a ANFAC - Associação Nacional das Empresas de Fomento Comercial, da qual ainda é o presidente.
Em 1983, lançou o curso de Agente de Fomento Comercial (Operador de Factoring) e participou dos 186 cursos já realizados, com 8.448 diplomados, dos quais 1.876 mulheres. Em 1992, lançou o livro Factoring no Brasil, pela editora Atlas, que está em sua 12ª edição e já esgotada. Em 2003, criou o IBFM - Instituto Brasileiro de Fomento Mercantil, com o objetivo de divulgar o conceito do fomento comercial, como atividade socioeconômica, e capacitar os colaboradores para o mercado de fomento comercial, bem como atualizar os profissionais já atuantes, agregando valor à sua factoring e seus clientes.
Nestes 38 anos, como presidente da ANFAC, já realizou 14 congressos, de âmbito nacional, com a finalidade de intercambiar experiências e informações entre os empresários do setor e trazer a contribuição de palestrantes ilustres que possam concorrer para aprimorar a educação executiva dos empresários.
Sobre a ANFAC
Associação Nacional de Fomento Comercial, fundada em 1982, na cidade do Rio de Janeiro, representa institucionalmente os interesses de seus associados, perante os Poderes Públicos – Federais, Estaduais e Municipais e entidades do setor privado. Seu objetivo é fortalecer o sistema brasileiro de fomento comercial para contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do País e zelar pelo cumprimento das normas éticas e de autorregulação que regem a atividade.
A ANFAC congrega as empresas de fomento comercial, com suas distintas estruturas de factoring, de securitização, de fundos de recebíveis e, agora, a ESC – Empresa Simples de Crédito, que atuam no mercado comprando recebíveis, créditos gerados por vendas mercantis realizadas por sua clientela, composta de pequenas e médias empresas.
https://www.segs.com.br/mais/economia/238984-empresas-de-fomento-comercial-factoring-se-apresentam-como-solucao-economica-e-imediata
Por Agência Estado
Criado pela Caixa Econômica Federal para facilitar o acesso dos beneficiários de programas sociais, o aplicativo “Caixa Tem” virou uma verdadeira dor de cabeça para as pessoas que têm direito a receber o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal durante a pandemia.
Com as limitações para saques dos recursos nas agências do banco, que seguem um cronograma pré-definido conforme a data de aniversário do beneficiário, o aplicativo para celulares acaba sendo o principal meio para o pagamento de contas e a transferência de recursos para as 65,2 milhões de pessoas que recebem o auxílio. O problema é que o Caixa Tem não tem conseguido dar conta dessa demanda.
Muitos usuários têm reclamado das longas filas de espera – de mais de 10 minutos – para conseguirem acessar suas contas virtuais por meio do Caixa Tem. Muitas vezes, após esperarem o tempo estipulado pelo aplicativo, recebem apenas a mensagem de que o sistema estaria indisponível.
Desde quinta-feira, 2, quando recebeu a terceira parcela do benefício, Cícero Martins Carvalho, 32 anos, que está desempregado, tenta pagar contas pelo aplicativo sem sucesso. Morador de Cidade Ocidental (GO), cidade no entorno de Brasília, ele conta que não teve problemas nos dois primeiros pagamentos, mas agora não consegue ter acesso ao dinheiro.
“Desde quinta, apareceu tente novamente 14h, tente novamente 15h, e agora só tente novamente mais tarde”, explica. Ele chegou a ir a uma agência da Caixa, mas foi orientado a tentar novamente pelo aplicativo.
“Aqui em casa são cinco pessoas e só eu estou recebendo o benefício. Estou dependendo desse dinheiro para pagar a conta de água, de luz e outras contas. E tem várias pessoas que conheço com o mesmo problema”, completa.
Também desempregada, Cristiane da Silva, 39 anos, vem enfrentando as mesmas dificuldades para ter acesso ao benefício emergencial. Desde que recebeu os R$ 600, ela só conseguiu pagar a conta da internet, de R$ 63. “O aplicativo não funciona de jeito nenhum. Tenho que pagar três contas de água que estão atrasadas e uma parcela de um cursinho para concurso público e não consigo”, relata.
De acordo com dados da própria Caixa, R$ 121,1 bilhões foram creditados nas contas de quem recebe o auxílio emergencial nas três parcelas já liberadas do benefício. Até a manhã desta segunda-feira, 6, o número de downloads do aplicativo do Caixa Tem estava em 152,2 milhões. Além de acessar os recursos do auxílio, o aplicativo serve para consultar informações importantes na atual crise, referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Abono Salarial e Seguro-Desemprego.
Questionado pela reportagem, o banco admitiu a ocorrência de “intermitência momentânea” em alguns serviços do Caixa Tem, e creditou o problema à quantidade de acessos simultâneos no aplicativo, de cerca de 500 mil usuários por hora. A Caixa garante, no entanto, que o aplicativo está disponível ininterruptamente 24 horas por dia nos sete dias da semana.
O banco alega ainda que, apesar dessas intermitências, os cidadãos têm conseguido acessar os serviços. Somente nesta segunda-feira, mais de 4 milhões de operações já tinham sido concluídas pelo aplicativo. Desde que o programa foi lançado, mais de 17,7 bilhões de boletos foram pagos diretamente na plataforma.
Ainda assim, a instituição não foi clara sobre o que pretende fazer para acabar com as intermitências no acesso. “A Caixa tem implementado melhorias no aplicativo, como a ampliação da validade da sessão de cada usuário durante 72 horas, o que evita a necessidade de nova fila virtual para acessar o Caixa Tem durante esse período”, alegou o banco, em nota.
Por Equipe InfoMoney
SÃO PAULO – O lançamento do WhatsApp Pay no Brasil, ainda pendente da autorização do Banco Central, promete acelerar a transformação de um dos mercados mais efervescentes da economia: a indústria de meios de pagamentos e de transferências.
Hoje já é possível transferir dinheiro e fazer pagamentos por meio de mensagens, com poucos cliques ou simplesmente direcionando a câmera do celular para ler o QR Code da loja ou da tela – só lembrar das doações nas lives de artistas na pandemia.
São serviços oferecidos por bancos e fintechs, empresas com suas próprias carteiras digitais (as wallets) e outras que atuam no processamento dos pagamentos.
É um mercado em que o smartphone passa a assumir um protagonismo desempenhado hoje pelas famosas maquininhas, que são os terminais para uso de cartão de crédito ou de débito. Um em cada três brasileiros já realizou pagamento com o celular.
“O smartphone permitiu o empoderamento do consumidor”, afirma Gueitiro Genso, CEO da PicPay, uma das empresas que souberam surfar na onda da revolução dos meios de pagamento. Com 20 milhões de usuários ativos, a PicPay funciona como uma carteira digital, em que a pessoa cadastra seu cartão de crédito ou dados bancários no aplicativo e passa a fazer transferências e pagamentos com poucos cliques.
A pandemia do novo coronavírus fez o processo ganhar tração. Pagamentos por aproximação (contactless), com QR Code ou por meio de links enviados ao WhatsApp, SMS ou e-mail se tornaram alternativas buscadas pelos consumidores.
O que o WhatsApp Pay traz de mais impactante é a perspectiva de facilitar as transações para uma base potencial ainda maior: seus 120 milhões de usuários ativos no país.
Já o Facebook, dono do WhatsApp, dá um passo fundamental para manter por mais tempo no aplicativo um número crescente de usuários. Desta vez, com um modelo que rentabiliza o negócio, por meio de taxas nos pagamentos a lojistas.
A estratégia do Facebook remete ao mercado chinês, onde as gigantes de tecnologia Tencent e Alibaba se tornaram referência mundial sobre como ganhar dinheiro com aplicativos que oferecem de tudo um pouco aos usuários: são os super apps.
Por Agência Estado
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta segunda-feira, 6, a lei que permite a suspensão de contratos de trabalho e redução de salário e jornada. O presidente informou que sancionou o texto em sua conta do Twitter e não deu detalhes sobre possíveis vetos na lei, que ainda não foi publicada no Diário Oficial da União.
A lei abre caminho para a prorrogação do programa, mas isso, porém, ainda depende de um decreto. Segundo a reportagem apurou, esse decreto não deve ser publicado na terça-feira, porque a equipe técnica ainda precisa de mais tempo para avaliar o texto sancionado.
Nascida da Medida Provisória 936 e aprovada no Congresso, a lei autoriza a suspensão de contratos de trabalho e a redução de jornadas e salários até o fim do ano. Mas será o decreto a ser publicado que dará os termos dessa prorrogação.
O governo deverá permitir, por mais dois meses, a suspensão de contratos e, por mais um mês, a redução de jornada. Na primeira leva, a suspensão já pode ser feita por dois meses e a redução por três.
Na semana passada, o secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, disse que, logo depois da sanção da lei, o presidente editará um decreto prevendo a prorrogação do programa.
Por Bloomberg Brasil
A pandemia deve causar a maior retração no consumo global de carnes em décadas.
A projeção é de que o consumo per capita caia 3% em 2020, para o menor volume em nove anos. A queda na comparação com o ano passado seria a maior desde pelo menos 2000, segundo dados das Nações Unidas. Mas analistas do mundo todo projetam quedas não apenas per capita, mas também para a demanda geral em suas regiões.
É uma drástica virada para um setor que passou a se apoiar em um crescimento constante. E a mudança é observada em todos os principais mercados, inclusive nos EUA, onde estimativas apontam que o consumo per capita de carne não retornará aos níveis pré-pandemia até pelo menos depois de 2025.
Há uma série de fatores que contribuem para a mudança. Com o impacto econômico do coronavírus, consumidores tentam gastar menos com supermercado. Restaurantes fechados também afetam a demanda, porque as pessoas tendem a comer mais carne fora de casa.
Na China, que responde por cerca de 25% do consumo mundial, há crescente desconfiança em relação a produtos de origem animal. Isso depois que o governo chinês sugeriu que proteínas importadas estariam associadas a um surto de coronavírus em Pequim. Interrupções da produção, devido a surtos em frigoríficos nos EUA, também criaram problemas de oferta e reduziram o consumo de carne.
Ativistas do clima defendem há anos a redução do consumo de carne. Segundo alguns cálculos, a agricultura é responsável por mais emissões globais de gases de efeito estufa do que o transporte, em parte devido ao peso da pecuária. Carnes e laticínios respondem por até 18% das emissões globais de gases de efeito estufa causadas por seres humanos.
O que resta saber é até que ponto a mudança causada pela pandemia vai durar. Se consumidores se acostumaram a comer menos carne em uma pandemia, isso poderia significar uma nova era para as dietas no mundo inteiro?
Há indícios de uma mudança estrutural. Milhões de pessoas têm optado por comer mais proteínas vegetais por causa de preocupações ambientais. Além disso, a explosão de casos de coronavírus em unidades de abate e processadoras – em países como EUA, Brasil e Alemanha – destacou o impacto sobre trabalhadores que desempenham funções de risco com baixos salários e poucos benefícios. Mas é muito cedo para dizer se o escrutínio público sobre as condições dos trabalhadores afetará a demanda.
Na União Europeia, o consumo de carne suína deve cair para o menor nível em sete anos em 2020, com a carne bovina e de frango também atingindo mínimas, segundo previsão do Departamento de Agricultura dos EUA. A pandemia chegou em um contexto em que já havia sinais de redução da demanda por carne em regiões do bloco por questões ambientais e de bem-estar animal.
O consumo de carne suína da China pode cair cerca de 35% em 2020 quando comparado com níveis normais, antes da pandemia e do surto de peste suína africana, disse Lin Guofa, analista sênior da Bric Agriculture, consultoria com sede em Pequim. O país responde por 40% da demanda mundial de carne suína.
Mesmo no Brasil, o consumo de carne passa por um intenso processo de mudança, segundo Wagner Yanaguizawa, analista do Rabobank. A pandemia aumenta o interesse do consumidor por temas como segurança alimentar, rastreabilidade e sustentabilidade, disse.
E, como o país agora é um novo epicentro do coronavírus, uma recessão é esperada com impacto no poder de compra dos consumidores.
“O consumo de todas as proteínas animais deve sofrer com a renda mais baixa, mas a carne bovina cairá mais”, disse Caio Toledo, consultor de gestão de riscos e head de pecuária na StoneX. O Brasil é o terceiro maior consumidor de carne bovina do mundo.
Os custos de produção aumentarão a longo prazo acompanhando uma alta nos preços da terra, enquanto mais produtores devem reduzir o impacto ambiental e evitar o desmatamento para aumentar as pastagens, disse. Com o tempo, a carne bovina será artigo de luxo para consumidores em diferentes partes do mundo, disse Toledo.
Pecuaristas dos EUA têm expandido rebanhos de bovinos com expectativa de expansão da demanda na China, onde a falta de suínos chegou a provocar alta dos preços. Mas, embora os embarques tenham aumentado, nunca foi a bonança que agricultores esperavam.
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa sobre Políticas Agrícolas e Alimentos da Universidade do Missouri preveem que o consumo de carne per capita deste ano cairá pela primeira vez desde 2014. E o indicador deve continuar caindo pelo menos até 2025.
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kankzuk, afirmou nesta quinta-feira, 4, que o crédito no Brasil está sendo cada vez mais direcionado para as empresas menores. Em apresentação virtual do Relatório de Economia Bancária (REB), ele chamou atenção para o fato de o crédito para as microempresas ter encerrado 2019 representando 4,2% do total da carteira no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Em 2018, o porcentual era de 3,1% e, em 2017, de 3,0%.
Kankzuk também citou a queda do Índice de Custo do Crédito (ICC) nos últimos anos, mas ressaltou que não está “satisfeito” com a velocidade deste movimento.
O ICC reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.
Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.
Fonte: Jornal do Fomentp.
A piora do cenário econômico neste ano, que eleva o risco de calote por parte dos consumidores, levou as dez maiores varejistas de capital aberto do país a aumentarem em quase 40% os recursos destinados a cobrir as perdas com inadimplência. Identificada nos balanços como provisão para devedores duvidosos, o montante passou de R$ 4,1 bilhões de janeiro a março de 2019 para R$ 5,7 bilhões no mesmo intervalo deste ano. Em relação ao quarto trimestre, a alta foi de 9%, mostra levantamento feito pelo Valor.
Para se chegar a esses números, foram analisadas notas explicativas de balanços das redes GPA, Carrefour, Renner, Riachuelo (Guararapes), Marisa, C&A, Magazine Luiza, Via Varejo, B2W e Lojas Americanas. Em valores, as maiores provisões pertencem a empresas que são donas de operações de crédito ao consumidor, como as redes de moda (Riachuelo e Renner) ou que controlam bancos próprios, como Carrefour.
A provisão para devedores é uma reserva de recursos para cobrir um eventual aumento de inadimplência de consumidores nos meses seguintes. Quanto maior o risco de calote, maior a provisão. O crescimento sinaliza falta de confiança da companhia em receber, no prazo previsto, pela venda feita ou pelo empréstimo já liberados Em muitos casos, a empresa eleva esse cálculo de perda porque já identificou aumento nos atrasos no seu volume de contas a receber e tem que atualizar os números.
Como é contabilizada na forma de despesa operacional, as provisões já tiveram impacto nos balanços do primeiro trimestre. Para o segundo trimestre, algumas redes, como Magazine Luiza, Marisa e Renner, sinalizaram que essa conta pode crescer nos próximos meses, num ambiente que combina recessão, renda menor e aumento do desemprego.
Outro fator tem afetado esses cálculo. O fechamento das lojas das varejistas após início do isolamento social, na metade de março, impediu que lojas recebessem, em seus pontos físicos, a visita de clientes que fazem nesses locais o pagamento de carnês e das faturas de cartões, o que ajudou a elevar inadimplência em algumas redes.
Como a maior parte das lojas continuou fechada em abril e maio, empresas como Renner, Riachuelo e Marisa fecharam convênios com lojas que estavam operando (como supermercados) para receber esses pagamentos. Na Renner, dona da financeira Realize, responsável pelas operações de crédito da cadeia, as perdas estimadas com o Cartão Renner e do produto Meu Cartão, subiram 77%, para R$ 560 milhões. Sobre o quarto trimestre, a alta foi de 33%.
Com esse cenário, a provisão da Renner subiu de R$ 72,5 milhões, no primeiro trimestre de 2019, para R$ 199 milhões de janeiro a março de 2020.
Na Guararapes, dona da Riachuelo, a provisão para perdas atingiu R$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre, mesmo número verificado no quarto trimestre, mas acima dos R$ 900 milhões de um ano atrás. Em abril, a rede fechou convênios de recebimento de boletos com o GPA, Carrefour e lotéricas, e ainda adotou uma política de concessão de crédito mais rígida. Fez isso para se proteger de aumento maior da inadimplência “inclusive suspendendo as operações de empréstimos pessoal ofertados”, disse no balanço do primeiro trimestre.
A Riachuelo projeta aumento de provisão na segunda metade do ano, com pico no quarto trimestre, por conta da piora do cenário econômico. “As perdas com nosso cartão [de crédito] foram de 7,7% em março, e isso deve ir 10% no quarto trimestre. No empréstimo pessoal, as perdas atingiram 25,8% e devem ir para 30%. Por isso, já começamos a adicionar provisões”, afirmou o diretor financeiro Tulio Queiroz, em teleconferência a analistas.
A Casas Bahia, controlada pela Via Varejo, fez provisão para devedores duvidosos de R$ 438 milhões de janeiro a março, mesmo patamar de um ano atrás. Entre as dez cadeias com seus balanços analisados, só a Via Varejo não elevou esse valor, mesmo nesse cenário mais recessivo e dependendo do pagamento de seus carnês em lojas. Apesar de clientes poderem pagar pelo site, a varejista sempre incentivou que clientes quitem o carnê na loja.
“Nós tínhamos 6% de recebimento [dos pagamentos de carnês] por sistema bancário e 94% nas lojas. Nós multiplicamos por 10 todo o processo de recebimento online, por bancos e pelo nosso aplicativo”, disse o diretor financeiro da Via Varejo, Orivaldo Padilha, quando questionado sobre o assunto por analista em uma teleconferência realizada recentemente.
Fonte: Valor Econômico.
O tombo do varejo freou também o mercado de maquininhas de cartão, e as cinco principais empresas do setor - Cielo, Getnet, PagSeguro, Rede e Stone- já reduzem o crédito via antecipação de recebíveis a lojistas e indicam preocupação com um provável aumento da inadimplência.
A Stone, por exemplo, afirmou em relatório a acionistas que o impacto negativo do coronavírus no primeiro trimestre foi de pelo menos R$ 61 milhões e que, dada a incerteza do cenário, a expectativa é de um aumento nos níveis de inadimplência da portfólio de crédito.
"Nossa política foi a de não emprestar para os setores considerados mais arriscados, como companhias aéreas, negócios sazonais, clientes que já tivessem um bloqueio em seus recebíveis e comerciantes expostos a altos níveis de estornos", disse a companhia no documento.
"Além disso, melhoramos significativamente nosso sistema de escore e nossa gestão de preços também oferece uma proteção significativa contra inadimplência", completaram executivos da Stone
Melhora no sistema de escore e gestão de preços significam, do lado de quem concede empréstimos, crédito a menos clientes e a taxas mais elevadas. Mas protege o acionista, preocupado com a rentabilidade dos negócios na crise.
Lojistas perceberam -e reclamaram- logo no início da pandemia da maior dificuldade de acesso a financiamento.
De acordo com dados do Banco Central, as concessões de crédito por antecipação de recebíveis caíram 61,6% em abril em comparação a março, para R$ 11,9 bilhões -o menor patamar desde maio de 2018. Já os empréstimos com descontos de duplicatas tiveram queda de 44,1%, para R$ 25,1 bilhões.
Antecipação de recebível existe quando um lojista vende no cartão de crédito (à vista ou parcelado). Geralmente ele leva 30 dias para receber pela venda, mas se quiser antes o dinheiro, antecipa com a empresa de maquininha o valor, pagando uma taxa.
Essa é uma das receitas das empresas de maquininhas -as outras são a taxa paga a cada transação e a receita com aluguel e venda de aparelhos. Mas a antecipação de recebíveis encolhe não somente pela maior seletividade na concessão do crédito, mas também pela queda nas receitas dos lojistas que, sem vendas, também não possuem recebíveis a adiantar.
Analistas que acompanham as empresas listadas em Bolsa (Cielo, PagSeguro e Stone) já haviam cortado projeções para os resultados deste ano. Mariana Taddeo e Kaio Prato, do UBS, estimaram queda de 20% no volume de transações neste ano, considerando a média das operações que passam pelas maquininhas das três companhias.
"Esperamos que os gastos do consumidor permaneçam fracos uma vez que o isolamento e o distanciamento social podem continuar naturalmente [mesmo com a reabertura da economia] e que há um aumento do desemprego, enquanto os salários diminuem", afirmaram em relatório.
No primeiro trimestre, a queda no lucro líquido e nas receitas não foi generalizada -PagSeguro e Getnet apresentaram altas de 15,2% e 24,3% nos ganhos do primeiro trimestre ante igual período de 2019-, mas o cenário é nebuloso para o segundo trimestre.
As estimativas acompanham os demais indicadores da economia, já que atividades não essenciais tiveram o primeiro mês completo de paralisação em abril, medida que se estendeu ao longo de maio em boa parte do país. A combinação de aversão ao risco e queda no varejo também afeta as empresas de capital fechado. A Rede, braço de maquininhas do Itaú Unibanco, e a Getnet, do Santander, sinalizavam queda de receita no primeiro trimestre.
No Itaú, as receitas com maquininhas caíram 33,4% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2019, reflexo do menor faturamento com antecipação de recebíveis, taxas de desconto cobradas de lojistas e aluguel dos aparelhos. O Itaú adotou uma estratégia agressiva de redução de taxas a partir de maio do ano passado, o que ajuda a explicar a forte queda na comparação anual.
O aumento da competição promovido pela Rede apareceu na fala de executivos do Santander, que apontaram a maior competição entre empresas do setor como causa para a queda de receita no primeiro trimestre.
"São dois comportamentos. Além da queda de transacionalidade entre 30% e 40% por causa da capacidade reduzida de consumo, há também um comportamento macro do setor com questões de competitividade e precificação do lado do crédito que colocam uma pressão negativa", afirmaram em coletiva para falar sobre os resultados do banco no primeiro trimestre.
Segundo os analistas do UBS, o setor pode se recuperar conforme o varejo reabre. Enfrentará, porém, o risco da crise sobre os pequenos negócios. "Uma pesquisa realizada pelo Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] mostra que 30% dos comerciantes podem manter a loja aberta por apenas um mês e outros 36% por até três meses. Assim, vemos o volume total de pagamentos diminuindo até julho na base anual, com recuperação apenas no quarto trimestre deste ano", dizem os analistas do UBS em relatório.
https://www.folhape.com.br/economia/economia/economia/2020/06/03/NWS,142720,10,550,ECONOMIA,2373-MAQUININHAS-ENCOLHEM-CREDITO-VAREJO-DEVEM-PERDER-FATURAMENTO-SEGUNDO-TRIMESTRE.aspx
SÃO PAULO – Lojistas de todo o Brasil participam do “Dia Livre de Impostos” nesta quinta-feira (04), evento em que oferecem descontos de até 70% em diversos produtos para representar o peso da carga tributária que incide sobre cada setor.
A iniciativa é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e da Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem (CDL) e até a manhã desta quinta-feira contava com 846 lojas participantes, em 144 cidades de 18 estados do país, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará e outros.
Os descontos são válidos para bebidas, bijuterias, eletrodomésticos, eletrônicos, maquiagem, perfumes, sapatos, vestuários, utensílios para casa, brinquedos, remédios e também serão aplicados por restaurantes, salão de beleza, academias, papelarias, entre outros.
Os valores promocionais variam de acordo com o estado em que a loja se encontra. Entre os maiores descontos disponíveis estão as categorias de maquiagens (58%) e eletrônicos (43%).
Na sua 14ª edição, o evento se adaptou para acontecer 100% online, por meio do site “dialivredeimpostos.com.br”, considerando que o avanço da pandemia impede a realização presencial, como geralmente acontece.
Na prática, o objetivo da iniciativa é conscientizar as pessoas sobre a carga tributária que incide sobre o setor de varejo no país. De acordo com os organizadores, considerando um ranking de 30 países, o Brasil é o 14º que mais arrecada imposto e está em último lugar entre os países que mais retornam o dinheiro para a população.
“O brasileiro trabalha em média 153 dias (cinco meses) por ano só para pagar impostos. Apenas nos setores de maquiagem e eletrônicos as cargas tributárias são de 58% e 43%, respectivamente”, diz o texto no site da iniciativa.
No site do evento, o consumidor tem acesso a um comparador de produtos que indica os valores com e sem impostos. O evento acontece essencialmente nesta quinta-feira (04), mas o site informa que as lojas podem estender os descontos até domingo (07).
Fonte: InfoMoney.
SÃO PAULO – Apesar de a pandemia do novo coronavírus ter afetado as mais diversas empresas e segmentos, o setor de e-commerce é um dos poucos que se salvam em meio à crise. Segundo uma pesquisa da Compre & Confie, app que faz autenticação de segurança para compras na web, o número de pedidos online durante o mês de maio cresceu 132,8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O levantamento mostrou que, entre 1 de maio e 24 de maio deste ano, o número de pedidos feitos pela internet no país somaram 23,8 milhões, totalizando um faturamento aproximado de R$ 9,4 bilhões – o que representa um aumento de 126,9% no total arrecadado com as vendas do e-commerce nacional em comparação com o mesmo período de 2019.
No entanto, se o volume total de compras apresentou uma grande melhora, o valor gasto em cada compra diminuiu. Em maio, o tíquete médio das compras teve uma leve retração de 2,6% em relação ao mesmo mês do ano passado. O relatório aponta que, em média, o montante gasto ficou em torno de R$ 393,40.
O estudo da Compre & Confie considera dados factuais de vendas recebidos em tempo real de cerca de 90% do varejo de bens de consumo do e-commerce brasileiro – com exceção do Mercado Livre. Lojas como Magazine Luiza, Casas Bahia, Pontofrio, Extra e outras centenas de varejistas fazem parte do balanço.
A plataforma recebe os dados detalhados de todos os pedidos e produtos comprados diretamente dos sistemas de vendas das lojas.
No relatório, ainda há dados sobre as categorias que apresentaram o maior crescimento em pedidos. Os gift cards lideram a lista com uma alta de 1.041% nas vendas em maio.
Gift Card – na tradução literal, cartão presente – é um cartão pré-pago que pode ser utilizado para pagar produtos e serviços que aceitam esse método de pagamento. Na categoria, entram tanto cartões que valem uma determinada quantia em dinheiro, quanto cartões de acesso para serviços digitais, como um cartão de assinatura da Netflix, por exemplo.
Outro segmento de produtos que apresentou crescimento considerável durante a pandemia foi o de alimentos e bebidas. A variação positiva em pedidos para essa categoria foi de 339%.
A análise ainda contempla dados mais amplos, considerando um período maior. Em um intervalo de 90 dias, do dia 24 de fevereiro até o dia 24 de maio, ainda é possível identificar um aumento considerável no volume de pedidos e no faturamento do e-commerce, ainda que o avanço seja um pouco mais tímido do que o registrado em maio.
Durante esses três meses, a pesquisa da Compre & Confie contabilizou 68,9 milhões de pedidos online – alta de 82,1% em relação ao mesmo período de 2019 – e um faturamento 71% maior, chegando aos R$ 27,3 bilhões.
Vale dizer que em 24 de fevereiro, data em que começa a amostra, o Brasil ainda não tinha nenhum caso confirmado de coronavírus. O primeiro caso confirmado da doença no país foi notificado, oficialmente, em 26 de fevereiro. A comparação permite concluir que o isolamento foi fundamental para o crescimento mais acentuado em maio.
Os primeiros critérios de isolamento e quarentena para o enfrentamento da epidemia foram regulamentados pelo Ministério da Saúde apenas no dia 13 de março.
Fonte: InfoMoney.