Por Luciana Neto
Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Natal de 2022 deverá movimentar R$ 65 bilhões. Confirmada essa expectativa, o setor terá o primeiro aumento real de vendas (1,2% no faturamento, descontada a inflação) após dois anos de perdas na sua principal data comemorativa, sem, no entanto, igualar o volume de vendas de 2019, que foi de R$ 67,5 bilhões.
Conforme o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a perspectiva positiva para este ano decorre da normalização do fluxo de consumidores alcançada na virada do primeiro para o segundo semestre de 2022. “Contribuem ainda a evolução favorável do nível de ocupação no mercado de trabalho e a desaceleração da inflação”, aponta Tadros. A inflação deve encerrar o ano abaixo de 6,5%, 3,5 pontos percentuais menor que o verificado no acumulado de 12 meses, em dezembro do ano passado.
Por outro lado, o presidente da CNC indica que o encarecimento do crédito e o comprometimento da renda média com dívidas devem frear a expansão das vendas neste ano. De acordo com dados do Banco Central, a taxa média de juros praticados nas operações de crédito livres destinadas às pessoas físicas está no maior patamar desde o primeiro trimestre de 2018. Adicionalmente, o comprometimento da renda média atingiu 28,71% no fim do terceiro trimestre, o maior patamar da série histórica disponibilizada pela própria autoridade monetária, iniciada em 2005.
Natal dos hiper e supermercados
O ramo de hiper e supermercados deverá ser o de maior movimentação financeira no Natal deste ano, respondendo por 38,6% (R$ 25,12 bilhões) do volume total. Em seguida, estão as lojas de roupas, calçados e acessórios (33,9% do total ou R$ 22 bilhões) e os estabelecimentos especializados em artigos de uso pessoal e doméstico (12,6% ou R$ 8,19 bilhões).
Conforme o economista da CNC responsável pela apuração, Fabio Bentes, o destaque se justifica pela relevância do comércio de alimentos no âmbito do faturamento anual do varejo brasileiro – e por ser, historicamente, o principal responsável pela geração de receitas do setor. Já no que diz respeito ao ramo de roupas, calçados e acessórios, o impacto da data é maior. Em média, as vendas no varejo crescem 25%, na passagem de novembro para dezembro – o percentual sobe para 80% no caso da venda de roupas e acessórios.
Regionalmente, São Paulo (R$ 22,19 bilhões), Minas Gerais (R$ 5,59 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 5,56 bilhões) concentrarão 51,3% da movimentação financeira prevista. Distrito Federal e Rio Grande do Sul são os Estados com as maiores projeções de avanço nas vendas, na data (altas de 6,8% e 6,2%, respectivamente).
Variação do câmbio favoreceu importações
Apesar da desvalorização recente, a taxa de câmbio do dólar, no trimestre compreendido entre setembro e novembro de 2021 e no mesmo período deste ano, recuou, em média, 4,5%. “Esse comportamento do câmbio, no contexto de reajustes expressivos dos preços praticados pela indústria nacional, fomentou a importação de produtos mais demandados nesta época do ano”, indica Fabio Bentes.
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal, as importações de produtos tipicamente natalinos cresceram 8% entre setembro e novembro de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado e atingiram US$ 468,9 milhões. Esse é o maior volume desde 2014, quando o valor chegou a US$ 487,9 milhões. As maiores altas de compras do exterior em relação ao Natal passado foram de itens de perfumaria, com crescimento do volume financeiro de 167%, e de oleaginosas (como nozes, avelãs e castanhas), com aumento de 35%.
Aumento de 1,8% na criação de vagas temporárias
A expectativa da CNC é que sejam criadas 98,8 mil vagas temporárias para o Natal de 2022 – contingente 1,8% maior do que as contratações para a mesma data no ano passado e 48% acima dos empregos criados no atípico Natal de 2020. A projeção anterior da Confederação apontava a geração de 109,6 mil vagas temporárias de fim de ano no varejo.
Mais de 40 mil postos – 43% do total – serão abertos por hiper e supermercados. As lojas de roupas, calçados e acessórios devem ser responsáveis por 22 mil vagas, o que representa 23% do total, e os locais especializados na venda de artigos de uso pessoal e doméstico criarão cerca de 13 mil – 14% da oferta. A maior parte das vagas será oferecida em São Paulo (26 mil), Minas Gerais (11 mil), Paraná (8 mil) e Rio de Janeiro (7 mil).
“A manutenção dos juros básicos da economia em patamar elevado por mais tempo tenderá a desfavorecer a aceleração das vendas no início de 2023; isso deve reduzir o dinamismo do mercado de trabalho no setor”, analisa o economista Fabio Bentes. Nesse sentido, a taxa de efetivação de temporários, anteriormente prevista em 11,3%, deve acompanhar essa tendência e passar a 9,1% no universo de temporários.
Fonte: CNC
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