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Para se recuperar da pandemia, economia deveria crescer 4% em 2021, alerta FGV

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Por Alessandra Saraiva, Valor PRO — Rio

A economia brasileira precisa crescer pelo menos 4% esse ano para compensar a forte queda na atividade em 2020 devido à pandemia. O alerta partiu do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Claudio Considera, ao falar sobre o Monitor do PIB de dezembro de 2020, indicador anunciado há pouco pela fundação, que mensura ritmo de atividade econômica. No Monitor, o PIB do país caiu 4% no ano passado, com recuos de 0,8% no quarto trimestre ante igual trimestre em 2019. Em contrapartida, o indicador mostrou altas de 3,4% no quarto trimestre ante terceiro trimestre de 2020; e aumento de 1% em dezembro ante novembro do ano passado. Mas essas altas refletem uso de base de comparação baixa, e não representam retomada sustentável na economia, explicou. "Se caímos 4% no ano passado, precisamos crescer no mínimo 4% esse ano para recuperar. E eu não estou vendo isso acontecer", comentou o técnico. Para o especialista, somente vacinação em massa, e sem interrupções, poderia garantir começo de recuperação da economia esse ano, frente à crise causada por covid-19.

Ao falar sobre a atividade econômica do ano passado, afetada negativamente desde março do ano passado quando se iniciou a pandemia, Considera classificou o resultado como "um desastre". Ele chamou atenção para os comportamentos dos dois segmentos de maior peso na economia, no Monitor do PIB anunciado há pouco. Pelo lado da oferta, a economia de serviços, mais afetada pela economia e que representa em torno de 70% do PIB, caiu 4,4% no ano passado, ante 2019. Na série histórica do Monitor do PIB na taxa acumulada em 12 meses, iniciada em dezembro de 2000, é o mais intenso recuo anual da economia de serviços. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 5,2%, na mesma comparação - também recorde na série do Monitor.

"Na pandemia, as pessoas deixaram de ir frequentemente a bares, a restaurantes. Muitos fecharam durante a crise e não vão mais voltar", pontuou o economista. "Esse segmento de serviços, que é tão importante para a economia, só retorna com convívio social. E o convívio social só volta com as pessoas vacinadas contra covid-19, resumiu.

Para Considera, a vacinação poderia gerar um "círculo virtuoso" na economia, com impacto positivo inicial na economia de serviços e, posteriormente, influenciando favoravelmente outros segmentos da atividade econômica.

Ele frisou que, pela leitura do Monitor do PIB, serviços e consumo das famílias não foram os únicos a terminarem o ano passado em queda. No indicador da fundação, foram observadas quedas, no ano passado ante 2019, de 2,9% em Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF); de 3,4% na indústria; de 1,9% em exportações; e de 10,3% em importações.

No entendimento de Considera, caso ocorresse retomada no setor de serviços, por meio de intensificação de processo de vacinação, isso na prática deixaria empresários menos cautelosos e mais dispostos a abrir vagas. Com o mercado de trabalho mais forte, isso eleva renda, aumenta consumo e deixa a iniciativa privada mais propensa a alocar em investimentos e, por consequência, a gerar influências positivas em FBCF, setor industrial, exportações e importações no PIB de 2021, notou ele.

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