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Trabalhadores e empresários protestam contra alta da Selic e ameaçam afastar Campos Neto do BC

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Trabalhadores e movimentos populares ocuparam as ruas das principais cidades do país desde as primeiras horas da manhã desta terça-feira para pressionar o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a baixar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%.

Os protestos foram realizados em frente às sedes do Banco Central (BC) e locais de grande circulação para cobrar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, que pare de boicotar a economia e o país e reduza a taxa de juros. As manifestações aconteceram em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul, Pará, Paraná e Pernambuco.

Além da classe trabalhadora, também os empresários cobraram a redução dos juros. Em nota, divulgada nesta terça-feira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) apontou que “após dez meses com a Selic estacionada em 13,75%, tendo a inflação recuado 7,95 pontos percentuais em 12 meses até maio, este é um momento crucial para a autoridade monetária decidir pelo início do ciclo de baixa da taxa de referência, dando fôlego à economia. Nada justifica o Brasil seguir com o título de campeão mundial de juros reais”, cita a nota.

Segundo a Fiesp, “o remédio amargo, adotado em condições excepcionais para conter um movimento altista de preços, é um veneno para a atual realidade econômica de descompressão inflacionária, com demanda fraca, câmbio em queda e a expectativa de contas públicas controladas, graças, inclusive, ao novo regime fiscal em fase final de tramitação no Congresso.”

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) entende ser vital para o desenvolvimento econômico brasileiro a redução da taxa Selic na reunião do Copom.

Atualmente, o Brasil é o detentor dos maiores juros reais do mundo, de 9,4% ao ano, bem acima do segundo colocado, o México, com 6,6%.

A Selic em 13,75% inviabiliza a compra de imóveis a milhares de famílias, comprometendo o desempenho de um setor que gera 10% dos empregos formais no Brasil, afirma a Abrainc.

Um exemplo de como os juros altos estão corroendo os financiamentos imobiliários é que uma família com renda até R$ 10 mil, que antes conseguiria comprar um imóvel financiado de R$ 470 mil, agora só pode adquirir um imóvel de até R$ 370 mil. Hoje, os juros altos aumentam as parcelas do financiamento em exorbitantes 23% [R$ 500 a mais por mês].

Abrainc

O presidente da Abrainc, Luiz França, em discurso na abertura da 4ª edição do FILI 2023 (Fórum de Inovação e Liderança da Incorporação), ressaltou os efeitos da Taxa Selic sobre a inadimplência das empresas, aumento no número de companhias em processo de recuperação judicial, maior endividamento das famílias e gastos do governo com juros que poderiam ser convertidos em 3 milhões de moradias.

Sobre o impacto dos juros altos na vida dos cidadãos, o executivo destacou que, segundo dados de maio deste ano da FecomércioSP, 73% das famílias paulistanas estão endividadas. Em relação às empresas, 6,5 milhões estavam negativadas em abril, de acordo com a Serasa, e houve um aumento de 40% no primeiro quadrimestre de 2023 no número de pedidos de recuperação judicial em São Paulo (382 solicitações) contra igual período do ano passado.

O Copom começa hoje a quarta reunião do ano para definir a Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com a queda recente da inflação.

Reunião com Pacheco para afastar presidente do Banco Central

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, afirmou nesta terça-feira em frente à sede do BC , em Brasília, em ato pelo Dia Nacional de Luta Contra os Juros Altos e a Política Monetária do Banco Central, que “se não baixar a taxa de juros, já temos uma audiência marcada com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, porque sabemos que o Senado pode afastar Campos Neto do cargo e, na nossa visão, há motivo para isso, porque o presidente do BC está sabotando o crescimento do país”, disse Nobre que continuou frisando: “A visão dele de Brasil foi derrotada nas urnas, em 2022″.

A Lei Complementar 179, de 2021, define os objetivos do Banco Central e dispõe sobre sua autonomia e a nomeação e exoneração de seus presidente e diretores. O artigo 5º especifica: “O presidente e os diretores do Banco Central do Brasil serão exonerados pelo presidente da República: I – a pedido [algo que Campos Neto e parceiros relutam]; II – no caso de acometimento de enfermidade (…) [não é o caso]; III – quando sofrerem condenação (…) [idem]; IV – quando apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil.”

Determina a Lei que compete ao Conselho Monetário Nacional submeter ao presidente da República a proposta de exoneração, que deverá ser aprovada, por maioria absoluta, pelo Senado Federal.

Com CUT e Agência Brasil

https://monitormercantil.com.br/trabalhadores-e-empresarios-protestam-contra-alta-da-selic-e-ameacam-afastar-campos-neto-do-bc/

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