Por Yasmim Tavares, Valor Investe — Rio
O preço médio do aluguel encerrou o mês de setembro com queda de 0,31%, de acordo com o Índice FipeZap de Locação Residencial, que monitora o valor do aluguel em 25 cidades brasileiras. Esse foi o quarto resultado negativo seguido do indicador, após queda de 0,28% em agosto, de 0,40% em julho, e de 0,13% em junho.
Assim como nos últimos três meses, o recuo da variação do aluguel ficou abaixo da inflação. Em setembro, a inflação registrada pelo IPCA foi de 0,64%, enquanto a medida pelo IGP-M, o indicador mais usado para corrigir os aluguéis, ficou em 4,78%. Ou seja, o resultado do Índice FipeZap evidencia uma perda real no preço médio do aluguel dos imóveis.
No último período, entre as principais capitais brasileiras que influenciaram o comportamento negativo do índice, Fortaleza apresenta a maior queda (-1,17%). Na sequência, aparece Salvador (-1,11%), seguida por Florianópolis (-0,97%), Curitiba (-0,59%), São Paulo (-0,55%) e Porto Alegre (-0,33%).
Do outro lado, apenas duas capitais apresentaram elevação no preço médio do aluguel: Brasília (0,61%) e Recife (0,30%).
Após o quarto recuo mensal, o valor médio dos imóveis reduziu a variação acumulada no ano para 2,13%. Se comparada à inflação medida pelo IPCA no período até setembro de 2020, de 1,34%, o Índice FipeZap registra uma alta real de 0,78%. Por outro lado, no mesmo intervalo, o indicador encontra-se abaixo da inflação calculada pelo IGP-M, de 14,40%.
Nos últimos 12 meses, o índice reduziu a alta acumulada para 3,20%, ante 3,75% em agosto, enquanto a inflação medida pelo IPCA tem variação positiva de 3,14% e, o IGP-M, de 17,94%.
Com base em dados de todas as 25 cidades monitoradas pelo Índice FipeZap de Locação Residencial, o valor médio de locação encerrou o mês de setembro em R$ 30,40 o metro quadrado. Entre as 11 capitais avaliadas, São Paulo se manteve com o preço médio de aluguel residencial mais elevado (R$ 40,34/m²), seguida pelos valores médios registrados em Brasília (R$ 32,53/m²), Recife (R$ 30,73/m²) e Rio de Janeiro (R$ 30,42/m²).
Em contrapartida, Fortaleza (R$ 17,09/m²), Goiânia (R$ 17,70/m²), Curitiba (R$ 20,69/m²) e Salvador (R$ 23,65/m²) se destacaram como as capitais com o menor preço de locação residencial no mês de setembro.
O retorno médio do aluguel encerrou o mês de setembro em 4,74%, uma alta de 0,10 ponto percentual em 12 meses, superando a rentabilidade média projetada de aplicações financeiras de referência.
Por Adriana Cotias, Valor — São Paulo
Mesmo com a pressão observada nas Letras Financeiras do Tesouro (LFT ou Tesouro Selic), os títulos do governo permanecem como destino para as reservas de curto prazo do investidor, que busca proteção do capital.
Para Marília Fontes, sócia da empresa de análise Nord Research, o melhor investimento conservador hoje é o papel com vencimento em 2025 que rende 110% do CDI — na sexta-feira, antes das medidas de Tesouro e BC, o retorno embutido era de 119%. “Que CDB de banco de primeira linha traria um retorno desses? O investidor teria que ir para papéis mais arriscados”, diz.
Quando se olha o universo de renda fixa, há prêmios em toda a curva de juros, em taxas nominais ou reais, diz Cal Constantino, da Santander Asset Management. As projeções da casa apontam a Selic estável neste ano, subindo a 2,5% no fim de 2021. “O BC deixa claro que a intenção é manter os juros por mais tempo, desde que a economia não seja desviada da rota.” O cenário base da gestora é que a agenda de reformas será retomada e que as pressões inflacionárias restrinjam-se ao curto prazo.
Para o economista Marcelo d’Agosto, não vai ser o deságio nos títulos pós-fixados que vai animar o investidor a financiar o governo. Marília, da Nord, cita que entre o melhor preço da LFT, em 10 de setembro, e o pior, em 7 de outubro, o prejuízo era de 1,32%. Já na cotação de ontem, a perda caiu para 0,55%.
Na renda fixa em geral, ela vê poucas oportunidades porque o juro caiu demais e o risco de o país adotar estratégias ruins do lado fiscal é grande. “A Selic já estava muito baixa e as taxas longas também, a assimetria era ruim em prefixados ou em inflação mesmo antes da pandemia”, diz. Com a crise sanitária e econômica, o governo reagiu com um estímulo gigantesco, só comparável a economias de alta renda. “O Brasil não tinha condição de fazer [o estímulo] fiscal que fez. Depois da Previdência que outra reforma vai fazer para economizar R$ 800 bilhões?”
Embora a desvalorização de fundos DI e do Tesouro Selic seja inusitada, o barulho é mais pela surpresa do que pela magnitude, diz Camilla Dolle, analista de renda fixa da XP Investimentos. Ela vê, contudo, prêmios interessantes em títulos bancários e no Tesouro IPCA+. “Apesar dos ruídos, é o melhor risco de crédito do país.”
Pessoa jurídica - Desconto de duplicata
Classificadas por ordem crescente de taxa
Período: 21/09/2020 a 25/09/2020
Modalidade: Pessoa jurídica - Desconto de duplicatas
Tipo de encargo: Pré-fixado
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Fonte: Banco Central do Brasil.
Por Lucas Bombana
SÃO PAULO – Devido aos gastos extraordinários de combate ao coronavírus, a necessidade de financiamento do governo, por meio da emissão de títulos do Tesouro Nacional, aumentou em cerca de R$ 800 bilhões, segundo cálculos apresentados pelo sócio da gestora Panamby Capital, Reinaldo Le Grazie, em live nesta quarta-feira da Renascença DTVM.
E os fundos de investimento, que sempre compraram esses papéis em montante suficiente para o bom funcionamento da máquina pública, não aumentaram o apetite no mesmo ritmo, observou Bruno Serra, sucessor de Le Grazie no posto de diretor de política monetária do Banco Central (BC).
Na avaliação da autoridade monetária, foi justamente esse descompasso uma das principais razões para a recente volatilidade que atingiu até os títulos públicos mais conservadores do país, caso do Tesouro Selic.
Segundo Serra, diante das medidas anunciadas no fim da semana passada de ajuste nas compras de títulos, com o encurtamento do prazo para atender à demanda do mercado e um limite a ser aceito em operações compromissadas, a tendência é de uma normalização do cenário.
“Alguns analistas sugerem que o Banco Central está forçando os participantes a comprarem título público [em detrimento às operações compromissadas]. Aqui não tem nenhuma forçação”, afirmou Serra, na live.
O diretor afirmou que o incentivo natural para os participantes saírem das operações compromissadas “overnight” em direção aos títulos públicos reside simplesmente no prêmio oferecido.
“A liquidez está disponível, a questão é quantas dezenas de pontos-base o Tesouro Nacional vai precisar pagar para tirar um pedaço da liquidez para levar para prazos mais largos.”
Serra disse também que a volatilidade excessiva que acometeu os títulos públicos nas últimas semanas não é normal, e tampouco desejável, mas é compreensível, em face ao ineditismo do momento pelo qual estamos passando.
Ele lembrou ainda que a liquidez reduzida do Tesouro Selic, por ser um título que costuma ser carregado pelos investidores até o vencimento por questões tributárias, foi outro fator que contribuiu para o ajuste abrupto dos preços em setembro.
Por isso, o diretor disse que o BC trabalha junto ao mercado para aumentar a liquidez desses papéis, a fim de mitigar novas flutuações do tipo.
Serra afirmou também que a menor atratividade do Tesouro Selic não se explica apenas pelo nível dos juros oferecidos. Se fosse isso, disse, ocorreria uma saída generalizada de instrumentos financeiros de curto prazo do mercado local, o que não está sendo observado.
Dados do BC e da CVM apresentados pelo diretor apontam que os CDBs registraram captação líquida de R$ 474 bilhões nos 12 meses encerrados em setembro, enquanto outros R$ 174 bilhões foram direcionados à poupança, e R$ 150 bilhões, para fundos de renda fixa de curto prazo.
“São todas opções que remuneram menos que a taxa Selic”, afirmou Serra. Para voltar a um ponto de equilíbrio, disse o diretor, será preciso um ajuste do prêmio oferecido pelo Tesouro em relação à taxa básica de juros.
“O problema não são os 2%, mas o prêmio que o Tesouro precisa pagar acima da remuneração da taxa Selic”, disse Serra. “Estamos falando de algumas dezenas de pontos-base, uma, duas, três dezenas”, acrescentou.
Por Giovanna Sutto
ÃO PAULO – A Caixa Econômica Social anunciou, nesta quarta-feira (14), novas medidas para o crédito imobiliário. A primeira novidade foi a redução da taxa mínima do financiamento na modalidade com juros e Taxa Referencial (TR) de 6,5% para 6,25% + TR ao ano. A nova taxa entra em vigor a partir de 22 de outubro.
“Com a nova taxa, a parcela inicial da prestação do financiamento pode cair cerca de 25% para o trabalhador”, explicou Pedro Guimarães, presidente da Caixa. A economia refere-se à simulação de um financiamento de R$ 200 mil, em 360 meses, comparando a nova taxa com os juros praticados pelo banco em dezembro de 2018. Confira:
Para Bruno Gama, CEO da CrediHome, plataforma de crédito imobiliário multi-banco, a mudança anunciada é positiva porque pode tornar o crédito imobiliário mais acessível.
“A intenção da Caixa foi se posicionar como o banco que vai oferecer a melhor taxa entre os principais players no produto indexado à TR, que é a mais popular do mercado hoje. Os concorrentes estão oferecendo taxas que estão em torno de 7%. Uma redução dessa pode ser atrativa”, disse.
Guimarães destacou que o financiamento atrelado ao IPCA, modalidade de crédito imobiliário anunciada pela Caixa em agosto do ano passado, pode gerar uma economia maior ainda, de até 46% como é possível observar no exemplo da foto acima. A taxa mínima da Caixa para essa modalidade é de 2,95% + IPCA ao ano.
O InfoMoney já mostrou que, nas atuais condições de mercado, com a inflação baixa, de fato a modalidade atrelada ao IPCA é uma das mais baratas do mercado hoje. Porém, ela é mais arriscada e, se a inflação voltar a subir, ela pode se transformar em uma das opções mais caras para financiar a casa própria (saiba mais aqui).
Para comparar os dois modelos, a CrediHome fez uma simulação de financiamentos de dois tipos de imóveis (um de R$ 500 mil e outro de R$ 800 mil), mas em ambos os casos levando em conta o prazo de 30 anos, considerando uma pessoa de 30 anos e a tabela Sac (Sistema de amortização constante).
No caso da opção atrelada à TR foi consideranda a nova taxa mínima da Caixa (TR + 6,25%), que entra em vigor em 22 de outubro, para os dois exemplos.
Já para o financiamento atrelado ao IPCA, também para os dois imóveis, a CrediHome considerou a taxa mínima do banco federal (2,95% +IPCA), mas levou em conta uma média de 4% para o IPCA durante todo o período de contrato.
O governo federal vai esticar até 31 de dezembro a isenção do Imposto sobre Operações Financeiras, segundo disseram fontes da Casa Civil, na última semana, informação tornada pública ontem (30/09) por várias associações.
A ideia é seguir especificações dos decretos anteriores. A publicação desse ato está prevista para ocorrer no Diário Oficial da União desta sexta-feira (2/10).
Definida por causa da pandemia de Covid-19, a isenção fará com que o imposto deixe de incidir sobre o crédito tomado no mercado, processo que barateia, por exemplo, os empréstimos voltados a micro e pequenos empresários.
De acordo com o governo, a perda de arrecadação com o IOF zerado, desde abril, é estimada em R$ 14 bilhões. A prorrogação por mais três meses deverá gerar uma renúncia adicional de R$ 7 bilhões.
Fonte: Reperkut