A sessão desta quarta-feira (23) é marcada pela ida de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, a Bruxelas para acompanhar de perto os acontecimentos na Ucrânia após as negociações de paz entre os ucranianos e russos não terem avançado.
A expectativa é de que novas sanções contra a Rússia sejam anunciadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia na quinta-feira (24).
Destaque também para mais um discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central americano, durante evento. Investidores esperam que ele dê mais pistas sobre a aceleração do ritmo de aperto monetário pela autoridade.
Agentes financeiros também monitoram o avanço nos preços do petróleo, com o contrato do tipo Brent voltando se aproximar dos US$ 120 na manhã de hoje.
Um dia após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, participa hoje de dois eventos.
Na leitura de agentes financeiros, na terça-feira (22) o BC deu sinais mais claros de que deve encerrar o ciclo de alta de juros em maio e elevar a Selic até 12,75% ao ano, apesar de uma parcela do mercado acreditar que será preciso um aperto ainda mais duro, com uma dose adicional de juros também em junho.
Com isso, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentam mais uma sessão de queda nas taxas, com os recuos chegando até 11 pontos-base (0,11 ponto percentual).
Na primeira atualização da manhã, os prefixados recuaram, de tal forma que voltaram a se aproximar do patamar dos 12,1%. O Tesouro Prefixado 2033, com cupom semestral, por exemplo, oferecia juros de 12,12% ao ano às 9h20, contra 12,22% na sessão anterior.
Entre os papéis atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 entregava um retorno real de 5,39% ao ano, abaixo dos 5,50% vistos ontem. Da mesma forma, o papel com vencimento em 2055 oferecia uma taxa real de 5,75% ao ano às 9h20. Tal percentual é inferior aos 5,83% registrados na sessão anterior.
Radar externo
Dentro da cena internacional, investidores monitoram o avanço nos preços do petróleo. A elevação está ligada à queda nos estoques de petróleo dos EUA, que ganha contornos ainda mais dramáticos em meio ao impacto das sanções econômicas impostas por vários países contra a Rússia.
A expectativa é de que mais medidas sejam anunciadas amanhã por líderes ocidentais, segundo Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.
De acordo com Sullivan, o presidente Joe Biden aproveitará sua viagem à Europa para impor ações comuns para fortalecer a segurança energética e reduzir a dependência do petróleo e do gás russos.
O conselheiro americano ressaltou ainda que o momento “é uma oportunidade para coordenar de perto a resposta ocidental à China em relação ao conflito ucraniano, à margem da cúpula UE-China em 1º de abril”.
Destaque também para dados vindos do Reino Unido. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do País subiu 6,2% em fevereiro ante igual mês do ano passado, acelerando significativamente em relação ao ganho anual de 5,5% observado em janeiro. Os dados foram apresentados hoje pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).
O resultado de fevereiro, o mais alto desde 1992, superou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam acréscimo de 6%, e afastou ainda mais a inflação britânica da meta do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que é de uma taxa de 2%.
Em relação a janeiro, o CPI do Reino Unido avançou 0,8% em fevereiro. Nesse caso, a projeção era de aumento de 0,6%.
Silva e Luna, bloqueio no Orçamento e redução de impostos
No front político local, a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou ontem (22) um convite a Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), para prestar esclarecimentos sobre os critérios de distribuição de mais de R$ 100 bilhões em dividendos pela estatal.
Ao ser questionado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, reforçou que a petroleira precisa esclarecer como a redução no preço do barril de petróleo não se traduziu em queda nos preços dos combustíveis.
Ainda sobre o tema dos combustíveis, os governadores prorrogaram ontem (22) por mais 90 dias o congelamento do ICMS incidente sobre a gasolina, etanol e gás de cozinha, que venceria no fim deste mês.
Em outra frente, os governadores acertaram que vão adotar uma alíquota uniforme de ICMS para o diesel em todo o país e valor fixo por litro, conforme determina a Lei Complementar 192, em vigor desde 11 de março. Esse novo regime de cobrança do ICMS sobre o diesel valerá a partir de 1º de abril.
Destaque também para o anúncio feito ontem (22) pelo Ministério da Economia de que fará um bloqueio de R$ 1,72 bilhão no Orçamento de 2022 para evitar um descumprimento do teto de gastos, apesar de ter melhorado sua projeção para o déficit primário neste ano.
A previsão agora é que 2022 seja encerrado com um rombo fiscal para o governo central de R$ 66,906 bilhões, equivalente a 0,69% do Produto Interno Bruto (PIB), diante da perspectiva de maior arrecadação, conforme mostra o relatório bimestral de receitas e despesas.
Fonte: InfoMoney