Por Álvaro Campos, Valor — São Paulo
O sistema de pagamentos instantâneos Pix é muito associado à modernidade, agilidade, tecnologia e mesmo a um público mais jovem. Entretanto, uma pesquisa encomendada pela Zetta - associação fundada pelo Nubank, Mercado Pago e Google - e feita pelo Datafolha mostra que, em compras, a principal intenção de uso do Pix é nas farmácias. E isso em praticamente todas as faixas etárias.
Para quem tem entre 18 e 24 anos, a principal categoria de produtos nos quais os usuários têm intenção de usar o Pix para pagamentos é alimentos, com 85%. Farmácia vem logo na sequência, com 82%, seguida de serviços médicos (75%) e roupas e calçados (73%). Em todas as outras faixas etárias, farmácia aparece em primeiro lugar: entre 25 e 34 anos (81%), entre 35 e 44 anos (71%), entre 45 e 59 anos (63%) e entre 60 e 70 anos (42%).
A pesquisa comprova algumas percepções sobre o Pix que já haviam sido apresentadas pelo Banco Central. Ao todo, 96% dos entrevistados responderam que conhecem o Pix ou ouviram falar pelo menos uma vez sobre ele. Desse total, 49% disseram que possuem chaves Pix cadastradas em pelo menos uma instituição financeira - chegando a 57% entre os moradores de regiões metropolitanas.
A adesão é maior entre os mais jovens: 70% entre quem tem de 18 a 24 anos; e menor entre os mais velhos, com 24% para quem tem entre 60 e 70 anos. Também é maior em quem tem ensino superior (77%) e menor entre quem só tem o fundamental (27%). E maior entre quem ganha mais de 5 salários mínimos (75%) e menor entre quem ganha até 2 salários (31%).
Entre as pessoas que possuem chaves cadastradas, o Pix é o terceiro meio de pagamento mais utilizado, com 81%, perdendo apenas para o cartão de débito (85%) e o dinheiro (84%). Sobre as finalidades do Pix, 92% afirmam que usam para transferências e 73% para pagamentos de produtos e serviços.
De oito características do Pix, as que receberam melhores notas foram: agilidade (78% de notas 9 e 10); melhor forma de fazer a transferência (77%); e facilidade de uso (75%). A tarifa menor aparece somente em sexto lugar (68%).
Rafaela Nogueira, economista-chefe da Zetta, comentou que a pesquisa indica que 57% dos usuários usam o Pix para pagar empresas por produtos e serviços. Esse dado contrasta um pouco com as informações oficiais do BC, que mostram que as transações de pessoas para empresas (P2B) são apenas 13% do total.
“Uma possível explicação é a informalidade, com muitos informais cadastrando seu CPF, e micro e pequenas empresas também usando o CPF e não o CNPJ. Ou seja, o entrevistado percebe a transação como P2B, mas o BC não consegue capturar dessa forma.”
O presidente da Zetta, Bruno Magrani, foi questionado sobre as medidas anunciadas na semana passada pelo BC para aumentar a segurança do Pix. Segundo ele, a entidade está trabalhando com a autoridade para detalhar como esse anúncio se traduzirá em regras. “Somos favoráveis a medidas que tragam segurança para o Pix.
O uso de inteligência artificial, detectando o comportamento usual dos clientes e eventualmente travando operações não usuais, por exemplo, mostra que as empresas de tecnologia podem sim trazer soluções que vão conseguir garantir a segurança e a usabilidade do Pix, sem criar limitações para os clientes.”
A pesquisa ouviu 1.520 pessoas, entre 18 e 70 anos, entre os dias 25 de maio e 10 de junho.
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