Por Marta Watanabe, Valor PRO — São Paulo
Como reflexo da extensão das medidas de isolamento social para combate à pandemia de março até meados de abril, o setor varejista deve ter iniciado o segundo trimestre deste ano com desempenho fraco, segundo apontam indicadores prévios levantados por bancos.
A prévia do IGet para abril, indicador desenvolvido pelo Santander em parceria com a maquininha de pagamentos GetNet, mostra alta de 3% nas vendas do varejo restrito neste mês, ante março, feitos os ajustes sazonais. Na comparação com igual mês de 2020, a alta indicada é de 6,9%.
No conceito ampliado, que inclui as vendas de material de construção e de veículos, a prévia aponta alta de 1,4% em abril, na margem, e de 11,5% na comparação interanual. Em boletim divulgado hoje os economistas Lucas Manynard e Fabiana Oliveira consideram que a alta em abril é “discreta” e reflete medidas restritivas impostas até meados do mês. Mesmo com a recuperação, ainda há forte contração acumulada, ressaltam.
A pesquisa do IGet levanta transações em 150 mil estabelecimentos, seguindo o conceito “mesmas lojas”. A prévia de abril foi construída com base em dados de proprietários de vendas de varejo até a primeira quinzena de 2021.
Com base no indicador, o Santander monta projeções para a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicando alta “discreta” de 0,7% no varejo restrito em abril contra março, na série com ajuste sazonal. Para o varejo ampliado, o crescimento estimado é de 7,9%, também na margem. As projeções das vendas do ampliado utilizam dados da Fenabrave.
O recrudescimento da pandemia, com suas implicações para as medidas mais restritivas de mobilidade, deve impactar majoritariamente os segmentos do setor terciário mais relacionados com interação social, dizem os economistas do banco no boletim. Os dados do IGet de serviços e de varejo corroboram essa visão, ressaltam.
O banco tem no cenário base uma variação de PIB positiva no primeiro trimestre de 2021, porém com retração da atividade em março. O forte carrego estatístico deixado pelos dados de atividade em fevereiro devem sustentar o PIB positivo, sustentam os economistas, mesmo com uma contração em março. O banco projeta alta de 0,2% no PIB de janeiro a março de 2021 contra o trimestre anterior, com ajuste sazonal.
Por outro lado, aponta o boletim, a forte queda da atividade contemplada para março deixará um sólido carrego negativo para o segundo trimestre de 2021. “Nesse contexto, concomitante a um fraco começo da atividade em abril, devemos ter uma contração sequencial do PIB”, destacam.
O banco projeta queda do PIB de 0,6% no segundo trimestre deste ano contra os três meses anteriores, sempre com ajuste sazonal. Dessa forma, diz o banco, contempla-se no cenário uma contração da atividade no primeiro semestre de 2021.
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