Por Victor Rezende, Valor — São Paulo
No momento em que os agentes do mercado se mantêm preocupados em relação às perspectivas para as contas públicas, a percepção de piora estrutural do cenário fiscal brasileiro tem aumentado e os seus impactos têm sido relevantes especialmente sobre os juros. Uma das implicações está na possibilidade de aumento do juro de equilíbrio — aquele que nem estimula nem contrai a economia.
No momento, o Banco Central (BC) trabalha com uma taxa neutra de 3% em termos reais. Analistas, porém, enxergam pressões altistas relevantes sobre essa taxa, enquanto outros já trabalham com um nível mais alto de juro neutro.
É o caso do Santander, que, em sua revisão de cenário no início do mês elevou a estimativa para a Selic de 6% para 7% em 2023. Em termos reais, o banco aumentou sua projeção de taxa neutra de algo em torno de 3% para 4%. “O que estamos vendo é um maior risco da execução do processo de ajuste fiscal, que naturalmente aumenta a percepção de risco em relação à dívida pública”, diz o superintendente executivo de macroeconomia do Santander, Mauricio Oreng.
“Será um processo mais arriscado de consolidação fiscal. O prêmio de risco contido nos títulos do Tesouro tem aumentado. Observar a parte longa da curva de juros nos levou a revisitar essa trajetória do juro neutro”, afirma Oreng. Ele nota, por exemplo, que a precificação de taxa neutra real se encaminha para 5% nos preços do mercado.
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