Se a redução e o fim iminente do auxílio emergencial já provocam aumento da demanda por crédito, em especial das classes mais baixas, outro efeito da retirada do benefício é um repique na inadimplência. Além da diminuição da renda das famílias, algumas medidas regulatórias temporárias estabelecidas pelo Banco Central e outros programas de crédito do governo se encerram neste mês.
Por outro lado, a recuperação rápida da atividade - inclusive do mercado de trabalho - e a manutenção dos juros nas mínimas históricas sugerem que, mesmo subindo, a inadimplência deve ficar abaixo do pico visto na crise de 2015/2016. Os bancos também apontam que nas carteiras de crédito reprogramadas o comportamento tem sido bem melhor do que o esperado inicialmente.
Ao mesmo tempo, os modelos de análise de risco adotados por bancos e fintechs vêm sendo aprimorados. No Agibank, Beatriz Bernardi, diretora de crédito e dados, conta que no último ano o banco fez um trabalho de segmentação de público para melhorar a assertividade das concessões. “Isso nos leva a crer que seguiremos crescendo, ampliando a carteira, a base de cliente e mantendo os patamares de inadimplência, que ainda devem sofrer redução.”
Já no Mercado Pago, Pedro de Paula explica que os modelos da fintech usam “machine learning” e, assim, precisam de tempo para ser aprimorados. Dessa forma, a taxa de operações em atraso começou mais alta e vem diminuindo com o tempo, mas ainda está acima da média do sistema financeiro. A instituição não revela o número. “A inadimplência está bastante controlada e tende a melhorar um pouco mais. Óbvio que pode ter uma leve alta no começo do ano que vem, mas deve ser menor do que no restante do sistema.”
Enquanto isso, a expectativa é que os calotes permaneçam sob controle no crédito cooperativo, onde já é historicamente menor que nos bancos tradicionais. “A inadimplência vai crescer no primeiro semestre de 2021, é inevitável, mas crescemos em linhas mais seguras”, diz Gustavo Freitas, diretor-executivo no Banco Sicredi.
Na semana passada, o Bank of America (BofA) projetou que a inadimplência deve subir no mercado de crédito brasileiro, mas ficar abaixo dos 4% de 2015/16. A carteira renegociada é 13% do estoque total. “Ainda é cedo para quantificar a deterioração que haverá nos ativos, especialmente porque os empréstimos reprogramados começaram a vencer recentemente e os tomadores ainda estão se beneficiando dos programas de auxílio do governo.
Fonte: Valor Econômico.
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