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Com medidas de BC, vemos folga de liquidez no sistema e capacidade de emprestar, diz Setubal

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Embora defenda que os bancos não tenham restrições de liquidez para emprestar nesta crise, o co-presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou que não faz sentido dar crédito para todos os tipos de negócios. Na opinião do executivo, sob a ótica dos bancos, algumas empresas terão mais crédito e outras menos, uma vez que a economia que surgirá depois da crise será diferente, conforme as mudanças de hábitos e tecnológicas.

“Vamos ter empresas e atividades vencedoras, e outras vão declinar. Temos de aceitar esse ajuste. Não dá para salvar todo mundo”, disse Setubal, em transmissão ao vivo promovida pelo banco. O executivo elogiou o fato de o Banco Central ter tomado uma série de medidas para ampliar a liquidez, uma vez que não pode haver uma situação de falta de recursos para emprestar. “Vemos uma folga de liquidez no sistema e capacidade de emprestar está presente.”

No entanto, ele afirmou que serão necessárias mudanças regulatórias adicionais, como por exemplo a respeito da necessidade de capital do sistema e o nível de provisões, para superar a crise, de maneira temporária, podendo ser modificadas novamente depois. Segundo o executivo, após o Basileia 2, o sistema financeiro elevou o nível de capitalização, o que trouxe o benefício de absorver mais choques.

“O BC terá de reduzir um pouco os níveis de exigência para superar a crise. Questões regulatórias não podem ser limitadores para emprestar.”

Setubal defendeu que o governo apoie principalmente as pequenas empresas, que são por princípio descapitalizadas e têm poucas formas de buscar recursos. Neste caso, ele apontou que as linhas de crédito têm de ter juro subsidiado, grande carência e longo prazo.

Já as grandes empresas, ele afirmou que elas têm mais condições de levantar capital do mercado, principalmente se estiverem em um negócio viável. Renegociações de dívida com essas companhias, segundo o executivo, devem passar por diluição do acionista. “Não tem como. Vamos ter de aceitar coisas como diluição de acionista para viabilizar passagem por esse período. Se as empresas se abrirem para isso, veremos capitalizações.”

Situação frágil

Setubal disse ainda que a redução da taxa básica de juro no país, em meio à pandemia de covid-19, tem pontos positivos e negativos a ser considerados. Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic em 0,75 ponto percentual, para 3% ao ano.

“O juro tem um lado muito positivo, que é exatamente o custo financeiro para as empresas mais baixo. Em outras crises, o Brasil tendia a elevar os juros”, afirmou durante transmissão ao vivo organizada pelo banco.

Mas, para ele, "esse juro baixo traz outros problemas, como a questão do câmbio mais desvalorizado.” De acordo com o executivo, o câmbio desvalorizado tem consequências para a economia, traz outro equilíbrio para a balança comercial, as importações e exportações do país, mas é uma realidade que, em sua opinião, veio para ficar. “Não vamos mais ver o real tão valorizado em relação ao dólar. Precisamos ajustar a economia a esse novo patamar de câmbio”, afirmou.

Setubal começou a transmissão dizendo que a crise “veio como um meteoro na terra” e que não é claro como o Brasil – e o mundo – sairá dessa situação. “Enquanto não tivermos uma vacina, não estará claro como vai sair disso. E podemos levar dois anos não só para ter a vacina, mas para ter as pessoas efetivamente vacinadas.” Uma vantagem do Brasil, de acordo com ele, é poder observar outros países que estão à frente no ciclo do coronavírus, baseando-se nas políticas que estão dando certo.

Diferentemente da crise mundial de 2008, o Brasil hoje, na visão de Setubal, encontra-se numa situação mais frágil, com a dívida pública maior e mais alavancagem na economia. O executivo ressaltou que o setor público ocupa 40% da economia brasileira, mas não investe e tem dívida crescente. Ele criticou aumentos de salários programados ao setor público, em meio à crise, quando o restante do Brasil tem perdido renda. “A bolsa caiu, o câmbio desvalorizou, os salários estão sendo reajustados. E o setor público está aprovando aumentos programados de salário para os próximos anos, como se nada estivesse acontecendo”, disse. “Vamos ver o setor público maior do que é hoje após a crise, com o agravante da situação fiscal complicada. E o setor privado, que já perdeu renda, vai ter elevação de imposto para bancar esse aumento.”

Setubal indica a busca pelo crescimento econômico como o caminho para solucionar os problemas, inclusive sociais, do país. O mundo cresce, em média, 3% ao ano, enquanto o Brasil não cresceu nada nessa última década e, anteriormente, crescia a um passo de 2% ao ano. “Precisamos retomar o crescimento, o que passa por reformas.”

(Esta reportagem foi publicada na íntegra e originalmente no Valor PRO, serviço de informações e notícias em tempo real do Valor Econômico)

https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2020/05/07/com-medidas-de-bc-vemos-folga-de-liquidez-no-sistema-e-capacidade-de-emprestar-diz-setubal.ghtml

 

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