Favorecido pela forte redução no preço da conta de luz, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,47% em maio na comparação com abril, mas arrefeceu e agora acumula alta de 11,73% em 12 meses.
O grande motivo para a desaceleração foi o grupo habitação, que recuou 1,70% devido à queda de 7,95% no preço da energia elétrica por conta do fim da bandeira tarifária escassez hídrica (veja mais abaixo). Sozinho, o grupo reduziu a inflação do mês passado em 0,26 ponto percentual.
Considerado o índice oficial de inflação do país, o IPCA ficou abaixo das expectativas do mercado, pois o consenso Refinitiv projetava uma alta mensal de 0,60% e anual de 11,84%. Os dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice de preços desacelerou pelo segundo mês seguido, após altas expressivas de 1,62% em março e 1,06% em abril, e agora acumula alta de 4,78% no ano e de 11,73% nos últimos 12 meses (menos que os 12,13% observados em abril).
Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em maio. A maior variação veio de vestuário, com alta de 2,11% e impacto de 0,09 ponto percentual (p.p.) no indicador, e o maior impacto (0,30 p.p.) veio novamente dos transportes, que subiu 1,34% no mês passado (mas desacelerou em relação à alta de 1,91% de abril).
A inflação dos transportes foi puxada pelas passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido 9,48% em abril (9,48%) e representou o maior impacto individual altista no IPCA do mês (0,08 p.p.). Pedro Kislanov, gerente do IPCA, diz que “vale fazer uma ressalva” sobre a alta: “A coleta [do preço] das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio”.
Kislanov diz que “a alta deve-se a dois fatores: elevação dos custos devido ao aumento nos preços dos combustíveis; e pressão de demanda, com o aumento do consumo, após um período de demanda reprimida por serviços, especialmente aqueles prestados às famílias”. O gerente do IPCA destaca também que esse aumento do consumo “impacta também alimentação fora do domicílio e itens de cuidados pessoais”.
Outro item que teve impacto de 0,08 p.p. na inflação de maio foi produtos farmacêuticos, que subiu 2,51% após o governo autorizar um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos em abril. O IBGE diz que esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto de abril quanto de maio, embora a variação tenha sido menor no mês passado.
O preço dos planos de saúde segue em queda (-0,69%), porque o reajuste de 15,5% aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que ocorreu no fim do mês, terá impacto a partir do IPCA-15 de junho.
Com isso, o grupo saúde e cuidados pessoais, do qual produtos farmacêuticos e planos de saúde fazem parte, subiu 1,01%. Já alimentos e bebidas desacelerou, de uma forte alta de 2,06% em abril para 0,48% em maio, e os demais grupos ficaram entre alta de 0,04% em educação e de 0,72% de comunicação.
A desaceleração do grupo alimentação e bebidas (0,48%) ocorreu devido à alimentação no domicílio, que passou de 2,59% em abril para 0,43% em maio, devido à queda nos preços de alguns itens que haviam pressionado o índice no mês anterior, como tomate (-23,72%) e batata-inglesa (-3,94%).
O preço da cenoura despencou 24,07%, mas a variação em 12 meses ainda é positiva em 116,37%. O maior impacto altista no grupo veio do leite longa vida (0,04 p.p.), que subiu 4,65% no mês e já acumula alta de 28,03% no ano. A alta do preço da cebola (+21,36%) foi a maior variação positiva do IPCA em maio.
Pedro Kislanov, gerente do IPCA, diz que existe um componente sazonal no preços destes alimentos porque o início do ano é normalmente marcado por preços mais altos, devido a questões climáticas. “Agora começamos o período de outono-inverno que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura [116,37% em 12 meses], subiram muito, o que faz com que a base de comparação seja muito alta”.
O grande motivo da desaceleração da inflação foi habitação, que recuou 1,70% por causa da queda de 7,95% no preço da energia elétrica (sozinho, o grupo “tirou” 0,26 p.p. do IPCA de maio). A conta de luz ficou mais barata pelo segundo mês seguido porque em 16 de abril acabou a bandeira tarifária escassez hídrica, que adicionava R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.
Desde então, passou a vigorar a bandeira verde, que não tem cobrança adicional na conta de luz. Segundo o IBGE, as variações nos preços de energia elétrica nas áreas pesquisadas foram desde -13,49% em Brasília (onde também houve redução de PIS/Cofins) até +6,97% em Fortaleza, devido ao reajuste de 24,23% nas tarifas residenciais a partir de 22 de abril.
Foram registrados reajustes tarifários nas contas de luz das seguintes regiões, segundo o IBGE:
Ainda em habitação, também se destacou o recuo nos preços do gás de botijão (-1,02%), após alta de 3,32% em abril. No lado das altas, a variação positiva da taxa de água e esgoto (+2,73%) reflete os reajustes de 12,89% em São Paulo, vigente desde 10 de maio, e de 4,99% em Curitiba desde o dia 17. Já a alta do gás encanado (2,23%) ocorreu devido a dois reajustes: de 5,95% no Rio de Janeiro, em 1º de maio, e de 9,16% em Curitiba, desde o dia 18.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), assim como o IPCA-15, calcula a inflação de famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos (de R$ 1.212 a R$ 48.480 por mês). A diferença entre os índices está apenas no período de coleta e na abrangência geográfica.
No IPCA, a coleta começa nos últimos dias do mês anterior e termina nos últimos dias do mês vigente; no IPCA-15, se inicia por volta da metade de um mês e perdura até meados do mês seguinte. Para o cálculo do IPCA de maio, foram comparados os preços coletados entre 30 de abril a 27 de maio com os vigentes entre 31 de março a 29 de abril.
Além disso, o IPCA-15 pesquisa os preços nas regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, além do Distrito Federal e da cidade de Goiânia. Já o IPCA inclui também dados da região metropolitana de Vitória e dos municípios de Aracaju, Campo Grande, Rio Branco e São Luís.
Fonte: InfoMoney
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