O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) divulgado nesta terça-feira pelo Banco Central afirma que o crescimento de dois dígitos no crédito para empresas observado ao longo do ano passado não deve se repetir no primeiro semestre de 2021.
O documento destaca que o desempenho recente do crédito foi favorecido por programas oficiais durante a pandemia.
“O crescimento anual [em 2020] está influenciado pelo volume significativo concedido a um grupo restrito de empresas no início da pandemia, que não se verificou no segundo semestre.”
Segundo o BC, a situação econômico-financeira das empresas melhorou de forma desigual. “As empresas de capital aberto recuperaram rentabilidade e capacidade de pagamento no segundo semestre de 2020”, afirma. “Para o conjunto de todas as empresas, o fluxo de recebimentos também melhorou, mas as restrições sanitárias ainda impactam negativamente setores como mídia e lazer e transportes”.
“A percepção dessa melhora requer cautela, dada a incerteza quanto ao prolongamento e aos desdobramentos da pandemia.”
Segundo o BC, o risco de crédito aumentou, mas em ritmo menor que o aumento da carteira às pessoas jurídicas. “Os programas emergenciais, responsáveis pela maior parte do crescimento da carteira, apresentam algum tipo de garantia.”
“Embora não seja o esperado, as perdas com crédito podem superar as estimativas”, alerta o BC.
“Eventual prolongamento da pandemia pode afetar a qualidade do crédito. A grande maioria das operações repactuadas já saiu do período de carência e tem apresentado atraso inferior ao esperado inicialmente”, diz o documento.
Pessoa física
O REF afirma que o cenário no crédito a pessoas físicas pede cautela.
Segundo o BC, o percentual de ativos problemáticos relacionados às famílias recuou. “O fim da vigência das medidas emergenciais e a incerteza quanto ao prolongamento e aos desdobramentos da pandemia sobre a renda e o emprego podem agravar o risco.”
Segundo o relatório, até o momento o risco advindo das famílias está mitigado pelas provisões adequadas. “As operações repactuadas têm apresentado qualidade de crédito superior ao inicialmente esperado e não sensibilizaram o nível de risco da carteira como um todo.”
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